RESUMO: No presente artigo, propõe-se apresentar e explicitar o estatuto teórico da categoria marxiana do valor, conforme determinado no contexto da crítica da economia política, em sua fase madura (1857-1881). Em especial, pretende-se discutir o modo como Marx aborda a relação da determinação categorial do valor com as demais que compõem e constituem a forma mercadoria dos produtos do trabalho humano. Nesse sentido, a teoria marxiana do valor aparece como exposição crítica do modo de produção capitalista a partir da análise categorial da mercadoria, tendo como meta revelá-la na sua dimensão mais essencial: a de veículo de realização da valorização do valor. A forma valor, acompanhando o desenvolvimento da argumentação marxiana em Grundrisse e O Capital, é analisada em sua configuração de determinação em processo, que se desdobra, pressupõe e implica um conjunto de outras Formen que se articulam em momentos de diferenciação e desenvolvimento reais que se expressam concretamente nas objetivações do trabalho humano existindo como momentos do capital. Mercadoria, mercado e capital perdem todos sua aparência de exterioridade recíproca de "coisas" para se desvelarem realizações de um modo sócio-histórico de produzir a vida humana.
ABSTRACT: The present article aims to present and explain the theoretical status of the Marxian category of value, as determined in the context of the critique of political economy in its mature phase (1857-1881). In particular, it discusses how Marx presents the relationship of categorical determination of value with other relationships that compose and constitute the commodity form of the products of human labor. In this sense, the Marxian theory of value appears as a critical exposition of the capitalist mode of production, based on the categorical analysis of the commodity and aiming to reveal it in its most essential dimension: as the vehicle for implementing the appreciation of value. Value, according to the development of the Marxian argument in the Grundrisse and the Capital, is analyzed in its configuration as a determination process that unfolds, presupposes, and implies a set of other formen. These are articulated in moments of real differentiation and development that are concretely expressed in objectifications human labor existing as moments of capital. Goods, market, and capital lose all their appearance as the reciprocal externality of "stuff", to reveal realizations of a socio-historical mode of producing human life.