OBJETIVO: Uma modalidade de tratamento que capta muito a atenção da mídia é a cirurgia espiritual, que, entretanto, tem sido pouco estudada cientificamente. Uma questão que se impõe é sobre a veracidade ou não de tais fenômenos, porém pesquisas nesse sentido são escassas. MÉTODO: Apresentamos o relato de uma investigação sobre um dos mais famosos cirurgiões espirituais do Brasil, o Sr. João Teixeira de Farias. Foram acompanhadas por volta de 30 "cirurgias", sendo que em seis dos pacientes foram realizados a anamnese, o exame físico e coletados os tecidos extraídos para exames anatomo-patológicos. RESULTADOS: O "cirurgião" verdadeiramente incisa a pele ou o epitélio ocular, além de realizar raspados corneanos sem nenhuma técnica anestésica ou antisséptica identificável. Apesar disso, apenas um paciente queixou-se de dor moderada quando teve a mama incisada. Os pacientes foram examinados até três dias depois da cirurgia sem nenhum sinal de infecção, bem como os relatos posteriores dos pacientes não continham informações de infecção. O exame histopatológico evidenciou que os tecidos extraídos eram compatíveis com o local de origem e, com exceção de um lipoma de 210 gramas, eram tecidos normais, sem particularidades patológicas. Foi realizada revisão da literatura e discussão do efeito placebo. CONCLUSÕES: As cirurgias são reais, mas, apesar de não ter sido possível avaliar a eficácia do procedimento, aparentemente não teriam efeito específico na cura dos pacientes. Sem dúvida, nossos achados são mais exploratórios que conclusivos. São necessários posteriores estudos para lançar luz sobre esse heterodoxo tratamento.
BACKGROUND: A very popular modality with the media is psychic surgery which has received little scientific evaluation though. Such phenomena always raise the issues of fakery and deceit. Research has been scarce. METHODS: We report an investigation on one of the most famous psychic surgeons in Brazil, João Teixeira de Farias. 30 surgical interventions with cutting were studied, 6 patients undergoing history-taking, physical examination and analysis of the materials supposedly extracted from them. RESULTS: We were struck by the fact that the surgeon really incisions skin or ocular epithelium in addition to scraping the cornea without identified anaesthetics or antiseptics being used. Just one woman complained of pain as she had her breast incised. Longer follow up of patients failed to notice any infection in the surgical sites. Histopathology found the specimens to be compatible with their site of origin and, apart from a 210g. lipoma, were healthy tissues without discernible pathology. CONCLUSIONS: The surgerical procedures are real but we couldn't evaluate the efficacy. It didn't appear to have any specific effect. Our findings are undoubtedly more of an exploratory kind than conclusive ones. Further studies are clearly necessary to cast light on this unorthodox treatment.