É descrita a prevalência de anticorpos antivírus da hepatite A em crianças de diferentes condições socioeconômicas matriculadas em escolas de ensino fundamental no Município de Vila Velha, na região metropolitana de Vitória, Estado do Espírito Santo. Os anticorpos anti-VHA foram pesquisados por ELISA no soro de 606 crianças (quatro a catorze anos de idade) de escolas fundamentais localizadas em bairros com diferentes rendas familiares: Escola São José, 200 crianças, renda familiar acima de US$700; Escola São Torquato, 273 crianças renda familiar entre US$200 e US$300; e Escola Cobi, 133 crianças, renda familiar menor do que US$200. De cada criança foram tomados dados sobre idade, sexo, cor da pele, condições sanitárias, freqüência de contacto com água de rio ou de mar e história de hepatite na família. Anticorpos anti-VHA estavam presentes em 38,6% de todas as crianças, 9% na Escola São José, 49,1% na Escola São Torquato e 61,7% na Escola Cobi. Análise de regressão logística demonstrou correlação entre o teste anti-HAV positivo com idade, pele preta ou mulata, ausência de esgoto domiciliar e de água filtrada e história de hepatite na família. A prevalência de anticorpos anti-HAV em Vila Velha foi menor do que a observada, no mesmo grupo etário, no Norte e Nordeste do Brasil, e foi maior nas crianças de piores condições socioeconômicas. Também, os dados indicam uma mudança no perfil epidemiológico da hepatite A no nosso meio, com um aumento do número de crianças e adolescentes com alto risco de infecção, especialmente nas classes socioeconômicas mais altas. Deve-se discutir a necessidade de vacinação para hepatite A nas crianças e adolescentes no nosso meio.
This report describes the prevalence of anti-HAV antibodies in children from elementary school in the Municipality of Vila Velha, ES, Brazil. Anti-HAV antibodies were investigated by ELISA method in the serum of 606 children (four to fourteen years old) from three elementary schools, located in neighborhoods with varying household monthly income levels: São José School, 200 chidren, household income higher than US$700; São Torquato School, 273 children, US$200 to 300; and Cobi School, 133 children, less than US$200. From each children data on age, gender, skin color, sanitary conditions, frequency of contact with sea or river water and family history of hepatitis were recorded. Anti-HAV antibodies were present in 38.6% of all children, 9% in São José School, 49.1% in São Torquato School and 61.7% in Cobi School. Logistic regression analysis demonstrated a positive correlation of positive anti-HAV test with age, non white color of the skin, absence of sewage treatment and domestic water filter, and a past history of hepatitis. The prevalence of anti-HAV antibodies in school children in Vila Velha, ES, was lower than that observed in the same age group in North and Northeast Brazil and was significantly higher in children from families with low socioeconomic status. In addition the results indicate a changing epidemiologic pattern of hepatitis A in our country, with an increasing number of children and adolescents with high risk for HAV infection, mainly in high socioeconomic class. A consideration must be given to the feasibility of vaccination programs for children and adolescents in our country.