A distribuição de gordura no corpo parece ter efeitos diferentes nas doenças cardiovasculares (DCV). Objetivou-se estimar as associações da razão de gordura entre membros inferiores e tronco com o risco de DCV em 10 anos e os fatores de risco independentes em homens e mulheres. Um total de 10.917 participantes do ELSA-Brasil eram elegíveis para este estudo transversal. As associações da razão de gordura entre os membros inferiores e tronco com o percentual de risco de DCV em 10 anos, de acordo com a Escala de Risco de Framingham, e os respectivos fatores de risco (pressão arterial sistólica, colesterol total e HDL colesterol, diabetes e uso de medicação anti-hipertensiva), foram avaliados com modelos lineares generalizados, lineares e de regressão logística. Todas as análises foram estratificadas por sexo, e os ajustes foram feitos por idade, raça/cor, escolaridade, consumo de álcool, atividade física, uso de medicação hipolipemiante e, para as mulheres, estado de menopausa. Na amostra do estudo atual, 55,91% eram mulheres, com média de idade de 52,68 anos (DP = 6,57). A maior diferença entre a gordura dos membros inferiores e tronco foi associada com menor risco de DCV em 10 anos e com redução na pressão arterial sistólica, colesterol total e uso de medicação anti-hipertensiva, assim como um aumento no HDL colesterol em ambos os sexos (mas essa correlação foi mais forte em mulheres). Além disso, foi observada uma relação protetora contra diabetes, apenas em mulheres. O acúmulo maior de gordura nos membros inferiores, comparado com o tronco, parece estar associado a um risco menor de DCV e aos fatores de risco, mesmo na presença de gordura na região abdominal, e esse efeito é mais forte nas mulheres que nos homens.
Body fat distribution seems to have different effects in cardiovascular diseases (CVD). We aimed to estimate the associations between lower limbs and trunk fat ratio and the 10-year CVD risk, and isolated risk factors in men and women. A total of 10,917 participants from ELSA-Brasil were eligible for this cross-sectional study. Associations between lower limb/trunk fat ratio with the percentage of 10-year CVD risk - according to the Framingham Risk Score - and its risk factors (systolic blood pressure, total cholesterol and HDL-cholesterol, diabetes, and use of antihypertensive medication) were performed using generalized linear models, linear and logistic regressions. All analyses were stratified by gender and adjustments were made by age, self-reported skin color, educational attainment, alcohol consumption, leisure physical activity, hypolipidemic drug use and, for women, menopausal status. In this study, 55.91% were women, with a mean age of 52.68 (SD = 6.57) years. A higher lower limb/trunk fat ratio was related to lower 10-year CVD risk, as well as a reduction in systolic blood pressure, total cholesterol, and antihypertensive drug use, also an increasing HDL-cholesterol in both genders, but this relationship was stronger in women. Besides, a protective relationship to diabetes was observed in women. Higher fat accumulation in the lower body, when compared to the trunk, seems to have a lower risk of CVD and associated risk factors - even in the presence of fat in the abdominal region - with women presenting lower risks than men.
Las distribuciones de grasa corporal parecen tener diferentes efectos en las enfermedades cardiovasculares (ECV). Nuestro objetivo fue estimar las asociaciones entre extremidades inferiores/ratio de grasa troncal y el riesgo de ECV a los 10 años, y sus factores de riesgo aislados, en hombres y mujeres. Un total de 10.917 participantes de ELSA-Brasil fueron elegibles para este estudio transversal. Las asociaciones de la ratio de grasa entre la parte inferior del cuerpo y el tronco, con el porcentaje de riesgo de ECV a los 10 años, según la Escala de Riesgo de Framingham, y sus factores de riesgo (presión sanguínea sistólica, colesterol total y colesterol HDL, diabetes, y uso de medicación antihipertensiva), se realizaron usando modelos lineales generalizados, regresiones lineales y logísticas. Todos los análisis fueron estratificados por sexo y los ajustes se hicieron por edad, raza/color de piel autoinformado, nivel educativo, consumo de alcohol, actividad física durante el ocio, uso de medicamentos hipolipemiantes y, para mujeres, estatus menopáusico. En este estudio, un 55,91% fueron mujeres, con una media de edad de 52,68 (SD = 6,57) años. Una ratio de masa adiposa más alta entre las extremidades inferiores/tronco estuvo asociada a un riesgo menor de ECV en 10 años, también una reducción en la presión sistólica sanguínea, colesterol total, y el consumo de medicamentos antihipertensivos, también en un incremento del colesterol HDL en ambos sexos, pero esta relación fue más fuerte en mujeres. Asimismo, una relación protectora frente a la diabetes se observó solo en mujeres. Una acumulación más alta de grasa en las extremidades inferiores, comparada con la del tronco, parece tener un riego más bajo de ECV y sus factores de riesgo, incluso con la presencia de grasa en la región abdominal, además este efecto es más fuerte en mujeres comparadas con los hombres.