RESUMEN: La pandemia deja al descubierto la condición de posverdad y la crisis de confianza y los conflictos entre múltiples experticias, incluidas aquellas de las ciencias de la salud, que dificultan la solución de problemas planetarios. El análisis de la pandemia en la posverdad permite comprender aspectos esenciales de la comunicación pública contemporánea: el desorden (des)informativo, los cuestionamientos y los conflictos sobre la experticia, y las consecuencias mixtas que trae la abundancia comunicativa para enfrentar problemas comunes como la salud pública global. La pandemia demuestra los problemas para el uso colectivo de la razón pública. La razón pública demanda condiciones comunicativas, como información veraz, acuerdos epistemológicos sobre datos y hechos, y participación ciudadana. Sin embargo, la comunicación pública, fracturada y fragmentada, sin normas de participación o principios epistemológicos compartidos, dinamita las chances de lograr consensos significativos sobre una variedad de temas: la identificación de problemas, el diagnóstico de causas, el debate de soluciones. El empecinamiento propagandístico del poder sumado a corrientes irracionales que cuestionan aspectos esenciales de la pandemia, tales como su existencia, origen, métodos de atención y resolución, dejan al descubierto este problema. Estos conflictos están atravesados por el caos comunicacional contemporáneo que, así como potencia las oportunidades para la expresión, también dificulta la búsqueda de consensos. El problema es que la resolución de bienes públicos presupone consensos básicos sobre mecanismos compartidos para el debate público y principios para determinar y resolver bienes comunes.
ABSTRACT: The pandemic reveals the post-truth condition and the crisis of trust and conflicts between multiple forms of expertise, including those of the health sciences, which make it difficult to solve planetary problems. The post-truth analysis of the pandemic allows us to understand essential aspects of contemporary public communication: the (dis) informational disorder, the questions and conflicts about expertise, and the mixed consequences that the abundance of communication brings to face common problems such as health global public. The pandemic demonstrates the problems for the collective use of public reason. Public reason demands communicative conditions, such as truthful information, epistemological agreements on data and facts, and citizen participation. However, public communication, fractured and fragmented, without norms of participation or shared epistemological principles, dynamites the chances of achieving significant consensus on a variety of topics: the identification of problems, the diagnosis of causes, the debate of solutions. The propaganda stubbornness of power added to irrational currents that question essential aspects of the pandemic, such as its existence, origin, methods of care and resolution, expose this problem. These conflicts are traversed by contemporary communication chaos that, as well as enhances opportunities for expression, also makes it difficult to find consensus. The problem is that the resolution of public goods presupposes basic consensus on shared mechanisms for public debate and principles for determining and resolving common goods.
RESUMO: A pandemia revela a condição pós-verdade e a crise de confiança e os conflitos entre as múltiplas competências, inclusive as das ciências da saúde, que dificultam a solução dos problemas planetários. A análise pós-verdade da pandemia nos permite compreender aspectos essenciais da comunicação pública contemporânea: o distúrbio (des) informacional, as questões e conflitos sobre a especialização e as consequências mistas que a abundância comunicativa traz para enfrentar problemas comuns, como a saúde pública global. A pandemia demonstra os problemas para o uso coletivo da razão pública. A razão pública exige condições comunicativas, como informações verídicas, acordos epistemológicos sobre dados e fatos e participação cidadã. Porém, a comunicação pública, fraturada e fragmentada, sem normas de participação ou princípios epistemológicos compartilhados, dinamita as chances de se chegar a um consenso significativo sobre uma variedade de temas: a identificação dos problemas, o diagnóstico das causas, o debate das soluções. A teimosa propaganda de poder somada a correntes irracionais que questionam aspectos essenciais da pandemia, como sua existência, origem, métodos de atendimento e resolução, expõem esse problema. Esses conflitos são atravessados pelo caos da comunicação contemporânea que, além de potencializar as oportunidades de expressão, também dificulta o consenso. O problema é que a resolução de bens públicos pressupõe consenso básico sobre mecanismos compartilhados de debate público e princípios para determinar e resolver bens comuns.