Estudos internacionais têm mostrado que o incremento da prevalência de sobrepeso em crianças tem se tornado um problema de saúde pública. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de sobrepeso em crianças menores de 6 anos matriculadas em creches públicas do Município de Florianópolis/SC. Além disso, testou-se a hipótese de que a prevalência de crianças com sobrepeso é maior nas áreas com melhores condições socioeconômicas do que em áreas com condições socioeconômicas desfavoráveis. Adotou-se um desenho da amostra probabilístico em dois estágios e o tamanho final da amostra incluiu 638 crianças pré-escolares. O estudo coletou dados sobre medidas antropométricas de peso e estatura, sexo, idade, peso ao nascer, idade gestacional, área de residência e número de refeições servidas na creche. Foram obtidos diagnósticos de déficit de estatura (índice estatura para idade) e de sobrepeso (índice de peso para a estatura), utilizando-se a distribuição do NCHS como referência. Análises univariada e de regressão logística multivariada não condicional foram aplicadas para testar a hipótese. A prevalência de sobrepeso foi de 8,6% (IC 95% 6,4-10,8). O modelo de regressão logística final mostrou que as crianças residentes em áreas não carentes apresentaram maior risco de desenvolver sobrepeso (OR= 1,94 (IC 95% 1,10-3,42) quando comparadas com crianças residentes em áreas carentes. Este resultado foi controlado pelo sexo das crianças, a única das co-variáveis analisadas que mostrou associação com o desfecho em estudo. Os programas de Nutrição em Saúde Pública que tenham em vista prevenir o excesso de peso devem ser dirigidos particularmente a grupos infantis destas populações residentes em áreas economicamente mais favorecidas, visto que estão mais expostos ao desenvolvimento do sobrepeso.
International studies have shown that the increase in the prevalence of overweight children has become a public health problem. The aim of this study was to assess the prevalence of overweight in preschool children aged from 0 to 6 years enrolled in public daycare centers in Florianópolis, Southern Brazil. In addition, we tested the hypothesis that the prevalence of overweight children is higher in areas with better socio-economic conditions than in deprived areas. A multi-stage random sampling procedure was performed and the final sample included 638 pre-schoolchildren. Anthropometric measures, sex, age, birth weight, gestational age, stature deficit, child residential area (affluent or deprived), and daily number of free meals in the daycare centers were the variables collected by a trained and calibrated team. The outcome overweight was obtained by the weight/height index, following the NCHS criteria. Univariate and multiple logistic regression analyses were performed to test the hypothesis. The prevalence of obesity was 8.6% (CI 95% 6.4-10.8). The final logistic model showed that children living in affluent areas present OR 1.94 (CI 95% 1.10-3.42) when compared to children living in deprived areas. This result was adjusted for possible confounders such as child gender. Children living in affluent areas are considered a risk group for overweight. Consequently, nutritional public health programs must target this population.