A estimulação cerebral profunda (ECP) de sítios cuja estimulação elicita parestesia (núcleo talâmico ventrocaudal - VC, lemnisco medial - LM e cápsula interna - CI) é um dos poucos métodos atualmente disponíveis para o tratamento do elemento constante da dor por injúria neural (DIN). Revendo os primeiros 60 pacientes com DIN submetidos à ECP na Division of Neurosurgery, Toronto Hospital, University of Toronto, no período 1978/ 1991, observamos que 6 destes pacientes apresentaram parestesia dolorosa à estimulação de VC/LM/ CI, prevenindo a definitiva implantação do sistema em todos eles e totalizando 15% (6 dentre 40) das falhas em nossa série. Em uma tentativa de se melhorar a seleção de pacientes para a ECP e, com isto, seus resultados globais, revimos nossos casos, considerando uma série de parâmetros, de modo a determinar os fatores de risco para parestesia dolorosa. Os resultados mostraram que esta resposta à estimulação de VC/LM/CI é exclusiva de pacientes com dor central cerebral, secundária a lesão supratentorial, apresentando dor evocada como parte do quadro doloroso. Nem todos os pacientes com estas características, porém, apresentavam parestesia dolorosa. O estudo comparativo destes dois subgrupos (dor central cerebral + dor evocada + parestesia dolorosa e dor central cerebral + dor evocada + parestesia dolorosa) permitiu definir que: 1. Parestesia dolorosa à estimulação da coluna dorsal da medula espinhal, lesão restrita ao tálamo à tomografia computorizada e dor intermitente como parte do quadro doloroso são fatores de risco maiores para parestesia dolorosa à estimulação de VC / LM / Cl; 2. Alodínia ao frio ou hiperpatia isoladamente e ausência de deficit sensitivo ao exame neurológico são fatores de risco menores; e 3. Idade, sexo, duração da dor, qualidade da dor constante, dimensões da lesão causal e sítio (VC, LM ou Cl) ou tipo (macro ou microeletrodo) da exploração cirúrgica não parecem ser fatores de risco relevantes. O autor sugere também os prováveis mecanismos fisiopatológicos envolvidos na gênese da parestesia dolorosa à estimulação de VC / LM / Cl.
Paresthesiae-producing deep brain stimulation (stimulation of ventrocaudal nucleus - VC, medial lemniscus - ML or internal capsule - IC) is one of the few procedures to treat the steady element of neural injury pain (NIP) currently available. Reviewing the first 60 patients with NIP submitted to deep brain stimulation (DBS) from 1978 to 1991 at the Division of Neurosurgery, Toronto Hospital, University of Toronto, we observed that 6 patients complained of unpleasant paresthesiae with paresthesiae-producing DBS, preventing permanent electrode implantation in all of them. Such patients accounted for 15% of the failures (6 out of 40 failures) in our series. In an attempt to improve patient selection, we reviewed our patients considering a number of parameters in order to determine risk factors for unpleasant paresthesiae elicited by paresthesiae-producing DBS. The results showed that this response happenned only in patients with brain central pain complaining of evoked pain, secondary to a supratentorial lesion. Age, sex, duration of pain, quality of the steady pain, size of the causative lesion and site (VC,ML,IC) and type (micro or macroelectrode) of surgical exploration were not important factors. Unpleasant paresthesiae in response to dorsal column stimulation, restricted thalamic lesion on computed tomography and the occurrence of associated intermittent pain were considered major risk factors in this subset of patients and the presence of cold allodynia or hyperpathia in isolation and the absence of sensory loss were considered minor risk factors. It is our hope that the criteria here established will improve patient selection and so, the overall results of DBS.