RESUMO Introdução: A ferida cirúrgica apresenta altos níveis de radicais livres em resposta ao dano cutâneo, o que gera a hipótese de um possível benefício do uso de antioxidantes no reparo destas feridas, tal como a aplicação tópica do ácido ascórbico. No entanto, pesquisas recentes obtiveram conclusões discrepantes para este tipo de tratamento. O objetivo é avaliar o efeito do ácido ascórbico tópico na cicatrização cutânea por meio de uma revisão de escopo. Métodos: A revisão de escopo foi realizada na base de dados Medline, Lilacs e Cochrane, com os descritores: ácido ascórbico, creme para a pele e cicatrização de feridas. Foram definidos como critérios de inclusão: ensaios clínicos randomizados, observacionais e revisões sistemáticas, em humanos, com data de publicação de até 5 anos, nas línguas inglesa, portuguesa ou espanhola. Foram excluídas: revisões narrativas, dissertações, teses, editoriais, estudos in vitro e em animais. Por fim, foi realizada a classificação dos estudos através da metodologia GRADE. Resultados: Foram encontrados 83 estudos e, após triagem, seis artigos foram selecionados. Destacou-se o uso do ácido ascórbico na concentração de 5 a 20% e de seus derivados (0,075% a 9,55%). Apresentaram a qualidade GRADE moderada os desfechos: aumento da firmeza cutânea e redução da vermelhidão, e alta qualidade: melhora na hidratação, elasticidade, colorometria das manchas e melhora do fechamento das feridas. Conclusão: O ácido ascórbico promove melhor elasticidade cutânea, diminuição do eritema e melhor fechamento das feridas. Apesar destes fortes indícios, ensaios clínicos randomizados com menor risco de viés de aferição e com maior casuística ainda se fazem necessários.
ABSTRACT Introduction: The surgical wound has high levels of free radicals in response to skin damage, which raises the hypothesis of a possible benefit from using antioxidants in repairing these wounds, such as the topical application of ascorbic acid. However, recent research has found conflicting conclusions about this type of treatment. The objective is to evaluate the effect of topical ascorbic acid on skin healing through a scope review. Methods: The scope review was carried out in the Medline, Lilacs and Cochrane databases, with the descriptors: ascorbic acid, skin cream, and wound healing. Inclusion criteria were defined as randomized clinical trials, observational and systematic reviews, in humans, with a publication date of up to 5 years, in English, Portuguese or Spanish. The following were excluded: narrative reviews, dissertations, theses, editorials, in vitro and animal studies. Finally, the studies were classified using the GRADE methodology. Results: 83 studies were found, and six articles were selected after screening. The use of ascorbic acid in the concentration of 5 to 20% and its derivatives (0.075% to 9.55%) stood out. The outcomes presented a moderate GRADE quality: increased skin firmness and reduced redness, and high quality: improved hydration, elasticity, colorimetry of the stains and improved wound closure. Conclusion: Ascorbic acid promotes better skin elasticity, reduced erythema and better wound closure. Despite these strong indications, randomized clinical trials with a lower risk of measurement bias and greater casuistry are still necessary.