RESUMO OBJETIVO: Investigar a associação da inatividade física no lazer e na escola com os transtornos mentais comuns durante a adolescência. MÉTODOS: A amostra foi composta por 73.399 adolescentes (12–17 anos), participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica). Esse estudo transversal, nacional e de base escolar foi realizado em 2013 e 2014, nos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. A atividade física no lazer foi categorizada de acordo com o volume de prática semanal, e os adolescentes foram classificados em ativos (≥ 300 minutos/semana), inativos (0 minuto/semana) e insuficientemente ativos (1–299 minutos/semana). A prática esportiva e a participação em aulas de educação física na escola também foram analisadas. A presença de transtornos mentais comuns foi avaliada a partir do general health questionnaire, com ponto de corte maior ou igual a 3. Odds ratios (OR) foram estimados utilizando regressão logística múltipla. RESULTADOS: A chance de transtornos mentais comuns foi 16% maior no grupo que relatou ser inativo (0 minuto/semana) no lazer (OR = 1,16; IC95% 1,06–1,27). A prevalência de transtornos mentais comuns foi maior entre jovens que não praticaram esportes (37,2% vs. 25,9%; OR = 1,14; IC95% 1,04–1,25) e não participaram das aulas de educação física na escola (39,5% vs. 29,6%; OR = 1,25; IC95% 1,15–1,36). Atividade física insuficiente (1–299 minutos/semana) não aumentou a razão de chances de transtornos mentais comuns. Praticar atividade física no lazer, independentemente da duração e frequência semanal, reduziu em 26% as chances de transtornos mentais comuns nessa população. CONCLUSÕES: A inatividade física no lazer e na escola foi associada à presença de transtornos mentais comuns na adolescência. Os resultados sugerem que prática esportiva, educação física escolar e atividade física durante o lazer, mesmo sem atingir a recomendação atual, têm relação com a saúde mental dos jovens.
ABSTRACT OBJECTIVE: To investigate the association of physical inactivity in leisure and school time with common mental disorders during adolescence. METHODS: The sample consisted of 73,399 adolescents (12–17 years old), participants in the Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica — Study of Cardiovascular Risks in Adolescents). This cross-sectional, national and school-based study was conducted in 2013 and 2014 in Brazilian municipalities with more than 100,000 inhabitants. Leisure time physical activity was categorized according to weekly practice volume, and adolescents were classified as active (≥ 300 minutes/week), inactive (0 minute/week) and insufficiently active (1–299 minutes/week). Sports practice and participation in physical education classes at school were also analyzed. The presence of common mental disorders was assessed based on the general health questionnaire, with a cutoff point greater than or equal to 3. Odds ratios (OR) were estimated using multiple logistic regression. RESULTS: The chance of common mental disorders was 16% higher in the group that reported being inactive (0 minute/week) at leisure time (OR = 1.16; 95%CI 1.06 (1.27). The prevalence of common mental disorders was higher among young people who did not practice sports (37.2% vs. 25.9%; OR = 1.14; 95%CI 1.04–1.25) and did not participate in physical education classes at school (39.5% vs. 29.6%; OR = 1.25; 95%CI 1.15–1.36). Insufficient physical activity (1–299 minutes/week) did not increase the OR of common mental disorders. Practicing physical activity during leisure time, regardless of duration and weekly frequency, reduced the chances of common mental disorders in this population by 26%. CONCLUSIONS: Physical inactivity during leisure and school time is associated with the presence of common mental disorders in adolescence. The results suggest that sports practice, school physical education and physical activity during leisure time, even without reaching the current recommendation, are related to the mental health of young people.