OBJETIVO: Existe uma expressiva subnotificação de casos de Aids no Município do Rio de Janeiro, RJ. Nesse sentido, foi realizado estudo com o objetivo de analisar os fatores associados a esse evento. MÉTODOS: Com base em dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde, referentes ao ano de 1996 e ao Município do Rio de Janeiro, e do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação, atualizado até setembro de 1997, selecionou-se uma amostra aleatória de prontuários, pela qual os pacientes foram classificados em notificados, não notificados e sem evidência para notificação. Foi utilizado um modelo multinomial para a análise das chances de ocorrência de subnotificação versus notificação e não-notificação sem evidência de diagnóstico de Aids versus notificação. RESULTADOS: Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre as variáveis "idade", "estado civil", "escolaridade", "ocupação" e "gravidade da doença" e subnotificação de casos de Aids. A variável "sexo feminino" apresentou forte associação com as internações por procedimento Aids sem evidências para `fechar caso' dessa doença. Foi encontrada associação bastante expressiva entre ter sido internado no mesmo hospital mais de uma vez e estar notificado. A presença de um setor de vigilância epidemiológica no hospital esteve inversamente associada à subnotificação de casos de Aids. CONCLUSÕES: Os resultados mostraram que a associação significativa entre variáveis organizacionais e estruturais e subnotificação de casos de AIDS apontam para a necessidade de normatização de processos e fluxos, a fim de melhorar a qualidade do sistema de informações em saúde.
OBJECTIVE: The underreporting of AIDS cases in the municipality of Rio de Janeiro, Brazil, is significant. The study intends to analyze the factors associated to this event. METHODS: Using data provided by the Hospital Information System for the year of 1996, in Rio de Janeiro city, and by the National Surveillance System, patients were randomly selected and their medical records reviewed to verify an AIDS diagnosis. A multinomial model was used to perform an analysis of the variations on the chances of underreporting of AIDS cases versus reporting and on the chances of underreporting without evidences to fulfill the case definition of AIDS versus reporting. RESULTS: No significant associations were found between the variables such as "age", "marital status", "level of education", "occupation", and "severity of illness" and the underreporting of AIDS cases. The variable "female gender" showed a strong association with hospitalization without evidence of an AIDS diagnosis. A strong association was found between two or more admissions in an inpatient unit care and reporting. The existence of a epidemiological surveillance department in the hospital is inversely associated with the underreporting of AIDS cases. CONCLUSION: The significant association between organizational variables and underreporting of AIDS cases found in the study point out to the need of standardization of the surveillance procedures, the especial need for the creation and maintenance of surveillance departments in hospitals to improve the quality of the health information system and, therefore, AIDS prevention and care.