OBJETIVO: Avaliar a taxa de manutenção do tabagismo e etilismo em pacientes tratados por carcinoma epidermoide da cabeça e pescoço e comparar o resultado observado com a modalidade do tratamento oncológico empregado. MÉTODOS: Foram incluídos 110 pacientes tratados por carcinoma epidermoide das vias aereodigestivas altas, divididos em grupo cirúrgico, tratado com cirurgia, e grupo clínico, tratado com quimioterapia e/ou radioterapia. Os pacientes foram entrevistados a fim de determinar se houve manutenção dos hábitos após o tratamento. Comparou-se a taxa de manutenção dos hábitos com a modalidade de tratamento empregada. Testou-se também a relação entre o status oncológico dos pacientes com as taxas de tabagismo e etilismo encontradas. RESULTADOS: Entre os tabagistas, 35% mantiveram este hábito após o tratamento. No grupo clínico, houve um percentual significativamente maior de pacientes que mantiveram o tabagismo com relação ao grupo cirúrgico (58,3% x 25%; p = 0,004). Entre os etilistas, 16,6% continuaram a ingerir bebidas alcoólicas, percentagem que também se mostrou maior no grupo clínico (23,8% x 13,3%), porém sem diferença estatisticamente significativa. O status oncológico dos pacientes não apresentou relação com a manutenção dos hábitos estudados. CONCLUSÃO: São altas as taxas de manutenção de tabagismo e etilismo após o tratamento do carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço, especialmente se considerarmos o tabagismo nos pacientes tratados com quimioterapia e/ou radioterapia. Uma abordagem multidisciplinar mais efetiva é necessária com vista a obter melhores taxas de abandono do tabaco e do álcool, especialmente no grupo de pacientes submetidos a tratamentos não cirúrgicos.
OBJECTIVE: To assess the cigarette smoking and alcohol intake maintenance rate in patients treated for head and neck squamous cell carcinoma and to compare the observed outcome with the type of oncological treatment employed. METHODS: One hundred and ten patients treated for high aero-digestive tract squamous cell carcinoma were included and divided into a surgical group, treated with a surgery, and a medical group, treated with chemotherapy and/or radiation. The patients were interviewed to determine whether or not they had persisted with the smoking and drinking behavior after treatment. The habit maintenance rate was compared with the treatment modality employed. The relationship between the oncological status of the patients and the cigarette smoking and alcohol intake rates found was also tested. RESULTS: Among smokers, 35% maintained the habit after treatment. The medical group had a significantly higher percentage of patients maintaining smoking compared with the surgical group (58.3% vs 25.0%; p = 0.004). Among alcohol users, 16.6% kept drinking alcoholic beverages, with a percentage also shown higher for the medical group (23.8% vs 13,3%), but with no statistically significant difference. The oncological status of patients was not related to the maintenance of the habits studied. CONCLUSION: Smoking and alcoholism maintenance rates are high after head and neck squamous cell carcinoma is treated, especially if we consider smoking in patients treated with chemotherapy and/or radiation. A more effective multidisciplinary approach is required in order to obtain better rates of tobacco and alcohol quitting, especially in patients undergoing non-surgical treatments.