RESUMO O artigo versa sobre a gênese e difusão de um dispositivo escolar caracterizado pelos princípios da ordem, da uniformidade e da totalização sistemática que foi conferindo particular ênfase ao governo da palavra escrita. Analisamos a instituição onde esse modelo foi aplicado, a Universidade de Paris de inícios do século XVI, para em seguida nos determos na ação pedagógica dos jesuítas. Incutindo-lhe a sua marca própria, a Companhia de Jesus acabaria por disseminar a experiência parisiense pelo mundo inteiro. O estudo da apropriação inaciana do modus parisiensis, tomando como fontes os textos fundadores da congregação (Constituições da Companhia de Jesus, Ratio Studiorum e Exercícios espirituais), permite-nos revisitar uma das mais decisivas proveniências da ordem do discurso que ainda hoje imperam nas nossas instituições de ensino. Procura-se dar sustento empírico à hipótese de que a cultura escolar se funda num imenso temor do nomadismo, da miscigenação, da fuga e da errância do pensamento.
ABSTRACT This article focused on the inception and spread of a schooling apparatus founded in the notions of order, uniformity, and systematic totalization, which was developed with an emphasis on the need to govern the written word. We examine the institution where these routines were first applied, the University of Paris in the early 16th century, and then turn to Jesuit pedagogy. By imparting its distinctive mark, the Society of Jesus spread what had been a Parisian experience worldwide. Studying the Jesuit appropriation of the modus parisiensis, by using their founding texts (the Constitutions, the Ratio Studiorum and the Spiritual Exercises) as our main sources, allows us to revisit one of the most decisive points of descent for the order of discourse that still pervades our educational institutions. The goal is to provide empirical support to the idea that school culture is grounded on an immense fear of the nomadic, interweaving, and evading nature of thought processes.
RESUMEN El artículo trata sobre la génesis y difusión de un sistema escolar caracterizado por los principios de orden, uniformidad y totalización sistemática, que fue dando especial énfasis al gobierno de la palabra escrita. Analizamos la institución donde se aplicó este modelo, la Universidad de París a principios del siglo XVI, para nos detenernos en la acción pedagógica de los jesuitas. Al inculcar su propia marca, la Compañía de Jesús difundiría la experiencia parisina por todo el mundo. El estudio de la apropiación ignaciana del modus parisiensis, tomando como fuente los textos fundacionales de la congregación (Constituciones, Ratio Studiorum y Ejercicios espirituales), nos permite visitar uno de los orígenes más decisivos del orden del discurso que prevalece en nuestras instituciones de enseñanza. Se busca dar soporte empírico a la hipótesis de que la cultura escolar se basa en un inmenso miedo al nomadismo, al mestizaje, a la fuga y al deambular del pensamiento.