CONTEXTO:A nimesulida é um inibidor seletivo da enzima ciclo-oxigenase 2. Apesar de ela ser considerada fármaco seguro, casos de hepatite aguda e falência hepática fulminante foram descritos na Europa, Estados Unidos e América do Sul, principalmente em idosos do sexo feminino. Até o momento não há relatos na literatura em indivíduos brasileiros.RELATO DE CASO:Mulher de 81 anos, em uso terapêutico de nimesulida por seis dias, apresentou hematêmese e epistaxe dois dias antes da hospitalização. O exame clínico mostrou importante distúrbio de coagulação, hematomas difusos, hipotensão e taquipneia. Os exames laboratoriais mostravam alteração das provas de coagulação, leucocitose, redução do número de plaquetas, hemoglobina e hemácias, aumento de bilirrubina direta, elevação dos valores de aspartato aminotransferase (AST), gama glutamil transpeptidase (GGT), fosfatase alcalina e marcadores de função renal. Exames para hepatite B e C apresentaram-se não reagentes. Elevados níveis dos marcadores antígeno carcinoembriônico (CEA), CA-19-9 e CA-125 foram encontrados (1.000, 10.000 e 13 vezes, respectivamente), enquanto a alfa-fetoproteína estava normal, indicando um tumor maligno no ducto biliar, não oriundo do fígado. Trinta e seis horas após a hospitalização, a paciente evoluiu a óbito. Os achados necroscópicos incluíram hepatite aguda com colapso hepatocelular, bem como metástase de carcinoma, provavelmente do ducto biliar.CONCLUSÃO:Apesar do carcinoma apresentado pela paciente, o uso de nimesulida pode ter contribuído para o dano hepático. Até que esta questão seja esclarecida, a prescrição de nimesulida deve ser cuidadosa para pacientes com doenças hepáticas.
CONTEXT:Nimesulide is a selective inhibitor of the enzyme cyclooxygenase 2. Although considered to be a safe drug, cases of acute hepatitis and fulminant liver failure have been reported in Europe, the United States and South America, especially among elderly female patients. Until now, there had not been any reports in the literature relating to Brazilian subjects.CASE REPORT:An 81-year old female who had been using nimesulide therapy for six days presented hematemesis and epistaxis two days before hospitalization. Clinical examination showed an extensive coagulation disorder, diffuse hematomas, hypotension and tachypnea. Laboratory tests revealed abnormalities in coagulation tests; leukocytosis; reduced platelet, hemoglobin and red blood cell counts; and elevated direct bilirubin, serum aspartate transaminase (AST), gamma-glutamyl transpeptidase (GGT), alkaline phosphatase and renal function biomarkers. Hepatitis B and C tests were not reactive. Carcinoembryonic antigen (CEA), CA-19-9 and CA-125 levels were increased by, respectively, 1,000, 10,000 and 13 fold, whereas the alpha-fetoprotein level was normal, thus indicating a malignant tumor in the bile duct that did not originate from the liver. Thirty-six hours after hospitalization, the patient's condition worsened, leading to death. The necropsy findings included acute hepatitis with hepatocellular collapse, as well as metastasis of a carcinoma, probably from the bile duct.CONCLUSION:Despite the carcinoma presented by the patient, nimesulide use may have contributed towards the fatal acute liver failure. Until this issue has been clarified, caution is required in prescribing nimesulide for liver disease patients.