OBJETIVOS: avaliar o uso de corticosteróide antenatal (CA) nas mães e as suas repercussões nas condições de nascimento das crianças nascidas pré-termo nas oito unidades neonatais universitárias da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais. MÉTODOS: estudo observacional do tipo coorte prospectivo. Foram avaliadas 463 gestantes com idade gestacional (IG) entre 23 e 34 semanas e seus 514 recém-nascidos no período de 1 de agosto a 31 de dezembro de 2001. Os dados foram obtidos por entrevista materna, análise de prontuário e acompanhamento dos recém-nascidos, e analisados pelos testes do chi2, Mann-Whitney, ANOVA e regressão logística múltipla, com nível de significância de 0,05. RESULTADOS: 60,1% (282/463) das gestantes (variação de 12,5 a 87,3% entre as unidades) receberam ao menos uma dose de CA. A freqüência do uso de CA foi diretamente associada ao número de consultas de pré-natal, hipertensão materna e uso antenatal de tocolíticos. Quando as gestantes foram tratadas, os RN apresentaram maior peso de nascimento (1379±421 vs 1244±543 g), idade gestacional mais avançada (30,9±2,0 vs 29,5±3,5 semanas), melhores valores do escore de Apgar no 1º e 5º minuto e menor freqüência de intervenção na sala de parto. O uso de CA, a IG e o fato de ser pequeno para a IG melhoraram, de forma independente, as condições de nascimento. CONCLUSÕES: o uso de CA, na maioria dos centros, foi feito em freqüência abaixo da desejada e em metade das vezes de forma inadequada. O tratamento foi mais aplicado a mães com melhor acompanhamento durante o pré-natal e foi associado com melhores condições de nascimento.
PURPOSE: to assess the use of antenatal corticosteroid (AC) by mothers and its repercussion on the birth conditions of preterm babies at the eight university neonatal units belonging to the Brazilian Network of Neonatal Research. METHODS: an observational prospective cohort study. All 463 pregnant women with a gestational age (GA) of 23 to 34 weeks and their 514 newborn babies were evaluated during the period from August 1 to December 31, 2001. The data were obtained by maternal interview, by the analysis of the medical records and by the follow-up of the newborn infants, and analyzed statistically using chi2, Mann-Whitney and ANOVA tests and multiple logistic regression, with the level of significance set at 0.05. RESULTS: 60.1% (282/463) of the pregnant women (a variation from 12.5 to 87.3% among units) received at least one AC dose. The AC use was directly associated with the number of prenatal visits, with maternal hypertension and with the antenatal use of tocolytic agents. Babies from treated pregnant women presented higher birth weight (1,379±421 vs 1,244±543 g), longer gestational age (30.9±2.0 vs 29.5±3.5 weeks), better Apgar scores at the 1st and 5th minute, and a reduced need for intervention in the delivery room. The use of AC, the GA and a baby small for GA independently improved the birth conditions. CONCLUSIONS: at most centers, AC was administered at frequencies below the desired ones, and in 50% of cases in an inadequate manner. Treatment was applied more to mothers who received appropriate prenatal care and was associated with better birth conditions.