Sujeita a uma multiplicidade de condicionamentos externos de grau e natureza distintos, a escola pública nunca, como nos dias de hoje, se viu confrontada com tantas diversidades culturais, sociais, politicas e ideológicas, que tanto a desafiam à assunção de lógicas de reconfiguração e mudança, como igualmente a colocam numa permanente tensão face à necessidade de preservar a sua matriz identitária, historicamente sedimentada. E é justamente perante este dilema estabelecido entre os factores de ordem externa que quotidianamente invadem as escolas (administração central e periférica, comunidades locais, entre outros) e os factores de natureza interna à escola (sociabilidades, práticas de convívio, rituais, costumes, tradições) que se jogam novas possibilidades de repensar o desenvolvimento democrático das escolas. Neste artigo retomámos a ideia de escola como entreposto cultural (Torres, 2004) - um espaço de cruzamento de culturas, de metamorfoses quotidianas de poder e de conflito, de relações diferenciadas entre actores escolares e educativos -, com o propósito de clarificar a relevância das dimensões culturais e simbólicas da organização escolar no desenvolvimento de processos de inovação e mudança e na exploração de (possíveis) vínculos de assessoria educativa. A nossa reflexão não deixará, por isso, de interrogar criticamente as temporalidades e as lógicas de acção num suposto novo espaço escolar, questionando o papel que os consequentes inputs culturais e políticos assumem na construção da autonomia e da escola democrática.
Sujet à une multiplicité de conditionnements externes de degré et nature distinct, l'école publique jamais comme de nos jours s'est vue confrontée à autant diversités culturelles, sociales, politiques et idéologiques, que de telle façon ils la défient à l'assomption des logiques de reconfiguration et de changement, comme également ils la placent dans une permanente tension face à la nécessité de préserver sa matrice identitaire, historiquement sédimentée. Et c'est exactement devant ce dilemme établi entre les facteurs d'ordre externe qui quotidiennement envahissent les écoles (administration centrale et périphérique, les communautés locales, entre autres) et les facteurs de nature interne à l'école (sociabilités, pratiques de convivialité, cérémonials, habitudes, traditions) que se jouent de nouvelles possibilités de repenser le développement démocratique des écoles. Dans cet article, nous avons repris l'idée d'école comme entrepôt culturel (Torres, 2004) - un espace de croisement de cultures, de métamorphoses quotidiennes de pouvoir et de conflit, de relations différenciées entre des acteurs scolaires et éducatifs -, avec l'intention de clarifier l'importance des dimensions culturelles et symboliques de l'organisation scolaire dans le développement de processus d'innovation et le changement et dans l'exploration (possibles) de liens d'assessorat éducative. Notre réflexion ne laissera pas, donc, d'interroger les temporalités et les logiques d'actions dans une présomption nouvelle espace scolaire, en interrogeant le rôle que les conséquents inputs culturels et politiques assument dans la construction de l'autonomie et de l'école démocratique.
Exposed to a wide range of external regulating factors of varying degree and nature, the public school has never been faced with so many cultural, social, political, and ideological diversities as it is today. These diversities not only challenge the school to adopt logics of change and reconfiguration, but also create a state of permanent tension with regard to the need to safeguard it’s historically grounded identity matrix. And it is precisely within this dilemma created between factors which are external in nature and invade schools on a daily basis (central and peripheral administration, local communities, just to name a few) and factors which are internal in nature (sociabilities, socializing practices, rituals, customs, traditions) that lie new possibilities to rethink the democratic development of schools. In this article, we take up the idea of school as a cultural tradepost (Torres, 2004) - a place where cultures cross, of daily metamorphoses of power and of conflict, of differentiated relations between school and educational actors (players) - , with the purpose of making clearer the relevance of the cultural and symbolic dimensions of the school organization in the development of processes of innovation and change and in the exploration of (possible) educative assessorial bonds. Our reflections will not, therefore, turn away from the critical questioning of the temporalities and the logics of action in the proclaimed new school arena, examining the role that the consequential cultural and political inputs play in the creation of autonomy and the democratic school.