A utilização dos serviços de saúde pelas populações imigrantes tem vindo a ser considerado um dos mais importantes indicadores da sua integração nas sociedades receptoras (Dias e col., 2009). No entanto, o conhecimento em torno da qualidade e da eficácia do acesso dos/as imigrantes aos cuidados de saúde, especialmente no que respeita às mulheres imigrantes, é ainda escasso em Portugal (Fonseca e col., 2005). Embora os estudos nacionais tenham vindo, nas últimas décadas, a procurar traçar os diferentes perfis sociais das mulheres imigrantes em Portugal, sobretudo no que concerne às suas relações familiares ou laborais (Wall e col., 2005), a investigação no domínio da saúde é ainda parca e exclusora de uma análise centrada no género ou interseccional. Neste texto apresenta-se uma reflexão sobre os determinantes que condicionam a (in)acessibilidade das mulheres imigrantes aos cuidados de saúde, enfatizando-se os fatores que poderão estar a agir no sentido contrário à sua integração neste setor.
The use of health services by immigrant populations has been considered one of the most important indicators of the integration of these communities (Dias et al., 2009). However, knowledge about the quality and efficacy of this access to care, especially for immigrant women, is still scarce in Portugal (Fonseca et al., 2009). Although domestic studies have, in recent decades, sought to trace the different social profiles of immigrant women in Portugal, especially with regard to family or work relationships (Wall et al., 2005), research on health is still sparse. Gender-centered or intersectorial analysis has not yet been done. This paper presents a reflection on the determinants that influence immigrant women's (in)ability to access health care, emphasizing the factors that may be acting to block integration in this sector.