OBJETIVO: Avaliar a validade discriminante do questionário de qualidade de vida da Universidade de Washington para pacientes com câncer de cabeça e pescoço e identificar possíveis fatores sociodemográficos que modifiquem seus resultados. MÉTODOS: Foram entrevistados 47 pacientes com câncer de boca e orofaringe em estágio pré-cirúrgico em um hospital no sul do município de São Paulo em 2007, e 141 pacientes sem câncer, pareados por sexo e idade em uma proporção de três para um, que foram atendidos em ambulatórios do mesmo hospital em 2008. Os resultados obtidos para os dois grupos foram comparados pelo teste t de Student. Para os pacientes sem câncer utilizou-se análise de regressão de Poisson para avaliar possíveis fatores de modificação da qualidade de vida. RESULTADOS: O escore geral de qualidade de vida foi significantemente mais elevado (p < 0,001) para os pacientes sem câncer (91,1) do que para os pacientes com câncer (80,6). Observações análogas foram efetuadas para oito dos doze domínios de qualidade de vida compreendidos no questionário (dor, aparência, deglutição, mastigação, fala, ombros, paladar e ansiedade). Como possíveis fatores de modificação dos escores de qualidade de vida foram identificados renda familiar (com impacto nos domínios de recreação, p = 0,017, e função dos ombros, p = 0,049), escolaridade (em ansiedade, p = 0,003), sexo (em função dos ombros, p = 0,038) e dor de dente (em mastigação, p = 0,015). CONCLUSÕES: O questionário tem validade discriminante, pois seus escores são especificamente mais afetados para pacientes com câncer. Reforça-se a indicação do questionário para monitorar o tratamento e recomenda-se avaliar os fatores que podem causar impacto nesses indicadores.
OBJECTIVE: To assess discriminant validity of the University of Washington quality of life questionnaire for patients with head and neck cancer, and to identify socio-demographic factors that may modify its results. METHODS: We interviewed 47 patients with oral and oropharyngeal cancer in pre-surgical stage in a hospital located in the South region of the city of São Paulo, in 2007, and 141 patients without cancer, matched by sex and age in a ratio of three to one, who were attending outpatient clinics of the same hospital in 2008. The results for the two groups were compared by the Student t test. Poisson regression models to evaluate factors that may modify quality of life scores among patients without cancer. RESULTS: The overall quality of life score was significantly higher (p < 0.001) for patients without cancer (91.1) than for patients with cancer (80.6). Similar observations were made for eight of the twelve quality of life domains included in the questionnaire (pain, appearance, swallowing, chewing, speech, shoulder, taste, and anxiety). As factors that may modify the quality of life scores, we identified family income (which impacted in recreation, p = 0.017, and shoulder function, p = 0.049), schooling (in anxiety, p = 0.003), sex (in shoulder function, p = 0.038) and toothache (in chewing, p = 0.015). CONCLUSIONS: The questionnaire has discriminant validity, because its scores are specifically more reduced among cancer patients. The use of the questionnaire for monitoring the treatment of cancer patients is reinforced, and the assessment of factors that may impact in its results is recommended.