RESUMO Objetivo: Caracterizar uma coorte de pacientes com hepatite B crônica, segundo parâmetros iniciais e evolutivos. Métodos: Análise retrospectiva e descritiva dos dados clínicos e laboratoriais de portadores crônicos adultos do HBsAg, sem HIV, virgens de tratamento, com ao menos duas consultas ambulatoriais entre fevereiro de 2006 a novembro de 2012. Empregaram-se os testes exato de Fisher, χ², Wilcoxon, Spearman, Kappa e comparações múltiplas, o nível de significância estatística adotado foi de 5% e intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foram incluídos 175 pacientes com média de idade de 42,95±12,53 anos, 93 (53,1%) do sexo masculino, 152 (86,9%) não reagentes para o antígeno e (HBeAg), 3 (1,7%) coinfectados com hepatite C, 15 (8,6%) cirróticos e 2 (1,1%) com carcinoma hepatocelular. Predominou o genótipo A. Constataram-se hepatite ativa em 66 pacientes (37,7%), imunotolerância em 6 (3,4%), estado de portador inativo em 38 (21,7%), exacerbações e/ou escapes virais em 16 (9,1%). Em 32 (18,3%), havia DNA viral persistentemente elevado e alanina aminotransferase normal; em 17 (9,7%), carga viral constantemente baixa e alanina aminotransferase alterada. Se fossem considerados apenas transaminases e DNA viral iniciais, 15 casos de hepatite ativa não teriam sido evidenciados. Fibrose avançada foi mais prevalente em HBeAg reagentes e associou-se direta e significativamente ao DNA do vírus da hepatite, idade e transaminases. Conclusão: Grande parte dos pacientes apresentou hepatite ativa. Porém, aproximadamente um quarto (todos pertencentes ao grupo HBeAg não reagente) foram identificados somente em função da análise conjunta das mensurações sequenciais de DNA do vírus da hepatite e transaminases, por vezes aliada a dados histológicos, após seguimento.
ABSTRACT Objective: To characterize a chronic hepatitis B cohort based on initial and follow-up clinical evaluations. Methods: A retrospective and descriptive analysis of clinical and laboratory data from chronic HBsAg adult carriers, without HIV, unexposed to treatment, with at least two outpatient visits, between February 2006 and November 2012. Fisher´s exact test, χ², Wilcoxon, Spearman, multiple comparisons and Kappa tests were applied, the level of significance adopted was 5%, with a 95% confidence interval. Results: 175 patients with mean age of 42.95±12.53 years were included: 93 (53.1%) were men, 152 (86.9%) were negative for hepatitis B e-antigen (HBeAg), 3 (1.7%) had hepatitis C coinfection, 15 (8.6%) had cirrhosis, and 2 (1.1%) had hepatocellular carcinoma. Genotype A predominated. Sixty-six patients (37.7%) had active hepatitis, 6 (3.4%) presented immune tolerance, and 38 (21.7%) were inactive carriers. Exacerbations and/or viral breakthrough were detected in 16 patients (9.1%). In 32 patients (18.3%), hepatitis B virus DNA remained persistently elevated and alanine aminotransferase levels were normal, whereas in 17 (9.7%), there was low hepatitis B virus DNA and alterated alanine aminotransferase. If only initial alanine aminotransferase and hepatitis B virus DNA values were considered, 15 cases of active hepatitis would not have been detected. Advanced fibrosis was more common in HBeAg-positive patients, and it was significantly associated with transaminases, hepatitis B virus DNA, and age. Conclusion: Many patients had active hepatitis, but almost 25%, who were HBeAg non-reactive, were only identified because of combined analyses of the hepatitis B virus DNA and transaminases levels, sometimes associated with histological data, after clinical follow-up.