INTRODUÇÃO: Na miocardiopatia chagásica, ocorre uma discrepância entre os achados de disfunção ventricular e uma menor magnitude de congestão pulmonar em relação a outras miocardiopatias. Foram associados parâmetros morfofuncionais ecocardiográficos com achados de congestão pulmonar à radiografia do tórax em pacientes portadores de miocardiopatia chagásica e não chagásica, sendo a intensidade dos achados radiológicos comparada nos dois grupos. MÉTODOS: Foram recrutados 130 pacientes portadores de miocardiopatia chagásica e não chagásica, tendo os dois grupos parâmetros ecocardiográficos semelhantes. Todos realizaram o estudo radiológico do tórax, sendo atribuída uma pontuação aos achados sugestivos de congestão pulmonar, conforme escore já previamente estabelecido, sendo este comparado com os achados ecocardiográficos de disfunção ventricular. RESULTADOS: Os pacientes não chagásicos eram mais idosos (62,4±13,5 x 47,8±11,2, p=0,0), havendo um predomínio do sexo feminino nos chagásicos (66,2% x 58,5%, p=0,4). A hipertensão venocapilar pulmonar esteve presente em 41 chagásicos (63,1%) e 63 (96,9%) não-chagásicos (p=0,0), com escore da congestão pulmonar de 3,2±2,3 e 5,9±2,6 (p=0,0) respectivamente. Na análise de regressão linear, a relação E/e' (β=0,13; p=0,0), o diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (β=0,06; p=0,06), o diâmetro do átrio esquerdo (β=0,51; p=0,08) e o diâmetro diastólico final do ventrículo direito (β=0,02; p=0,48) foram as variáveis que mais se associaram com a congestão pulmonar nos dois grupos. CONCLUSÕES: Os pacientes chagásicos apresentaram um menor grau de congestão pulmonar. Os parâmetros de disfunção sistólica e diastólica associaram com a intensidade da congestão pulmonar, sendo a relação E/e' a variável que mais determinou a congestão pulmonar nos dois grupos.
INTRODUCTION: Despite significant left ventricular (LV) systolic dysfunction and cardiomegaly, pulmonary congestion does not seem to be a major finding in Chagas' cardiomyopathy (CC). This study sought to identify echocardiographic parameters associated with pulmonary congestion in CC and in dilated cardiomyopathy of other etiologies, such as non-CC (NCC), and to compare pulmonary venous hypertension between the two entities. METHODS: A total of 130 consecutive patients with CC and NCC, with similar echocardiographic characteristics, were assessed using Doppler echocardiography and chest radiography. Pulmonary venous vessel abnormalities were graded using a previously described pulmonary congestion score, and this score was compared with Doppler echocardiographic parameters. RESULTS: NCC patients were older than CC patients (62.4 ± 13.5 × 47.8 ± 11.2, p = 0.00), and there were more male subjects in the CC group (66.2% × 58.5%, p = 0.4). Pulmonary venous hypertension was present in 41 patients in the CC group (63.1%) and in 63 (96.9%) in the NCC group (p = 0.0), the mean lung congestion score being 3.2 ± 2.3 and 5.9 ± 2.6 (p = 0.0), respectively. On linear regression multivariate analysis, the E/e' ratio (β = 0.13; p = 0.0), LV diastolic diameter (β = 0.06; p = 0.06), left atrial diameter (β = 0.51; p = 0.08), and right ventricular (RV) end-diastolic diameter (β = 0.02; p = 0.48) were the variables that correlated with pulmonary congestion in both groups. CONCLUSIONS: Pulmonary congestion was less significant in patients with CC. The degree of LV of systolic and diastolic dysfunction and the RV diameter correlated with pulmonary congestion in both groups. The E/e' ratio was the hallmark of pulmonary congestion in both groups.