OBJETIVO: Este trabalho visou estimar as prevalências de excesso de peso e descrever algumas variáveis antropométricas relativas à distribuição da gordura corporal de uma população migrante de origem japonesa residente no Brasil. MÉTODO: A amostra foi constituída por 647 nipo-brasileiros de 1ª (n = 237) e 2ª geração (n = 410), de ambos os sexos, com idade > 35 anos, submetidos a medidas antropométricas, de pressão arterial, perfil lipídico e teste oral de tolerância à glicose. Sobrepeso e obesidade foram diagnosticados por meio de índice de massa corporal (IMC) entre 25-29,9 e > 30 kg/m², respectivamente. O diagnóstico de adiposidade abdominal foi baseado nos valores de circunferência de cintura > 94 cm para homens e > 80 cm para mulheres. Para a análise dos dados foram usados a estatística qui-quadrado e o teste t de Student. RESULTADOS: Dos indivíduos estudados, 40% apresentavam algum grau de excesso de peso (IMC > 25 kg/m²), sendo a prevalência de obesidade abdominal de 21,5% entre os homens e de 66,7% entre as mulheres. Homens nipo-brasileiros < 60 anos de 2ª geração enquadraram-se no perfil andróide de distribuição da gordura corporal; as mulheres mostraram-se mais obesas que os homens, apresentando tanto o padrão andróide como ginóide, avaliado por meio das dobras cutâneas. CONCLUSÃO: Os imigrantes japoneses que originalmente não apresentavam o fenótipo de obesidade acompanharam a tendência mundial atual de ganho progressivo de peso até a obesidade. Em particular, essa situação foi acompanhada de aumento de adiposidade abdominal, possivelmente indicativa de acúmulo de gordura visceral e desencadeante de alterações metabólicas. Estes achados sugerem que indivíduos de origem japonesa devem apresentar uma predisposição à obesidade abdominal, que se manifesta quando expostos a ambiente desfavorável.
OBJECTIVE: This study aimed to estimate the prevalence of overweight and to describe some indicative anthropometric variables of body fat distribution in a population of Japanese migrants living in Brazil. METHODS: The sample consisted of 647 first- (n= 237) and second-generation (n= 410) Japanese-Brazilians of both genders, aged > 35 years, who had their anthropometric measures, blood pressure, lipid profile, and oral glucose tolerance test defined. Overweight and obesity were defined as a body mass index (BMI) of 25.0-29.9 and > 30.0 kg/m², respectively; the diagnosis of abdominal adiposity was based on waist circumference values > 94 cm in men and > 80 cm in women. Chi-square statistics and Student t test were used for data analysis. RESULTS: Forty percent of the participants showed some degree of overweight (BMI > 25 kg/m²) and the prevalence rates of abdominal adiposity were 21.5% in men and 66.7% in women. Second-generation Japanese-Brazilian men, younger than 60 years, had an android profile of fat distribution; women were more obese than men and had both android and gynaecoid patterns, which were assessed by skin fold thickness. CONCLUSION: Japanese immigrants in Brazil - who originally did not present the obese phenotype - have followed the worldwide trend of progressive weight gain toward the development of obesity. In particular, such situation has been accompanied by an increase in abdominal adiposity, possibly indicating visceral fat accumulation, triggering metabolic disorders. Our findings suggest that Japanese descendants may present predisposition to abdominal obesity, which is triggered when they are exposed to an unfavorable environment.