Objetivo: avaliar a prevalência de hepatite viral A (HVA) em crianças e adolescentes portadores de doenças crônicas do fígado, em um serviço de hepatologia pediátrica. Métodos: entre maio de 1999 e fevereiro de 2001, foi estudada a prevalência de anticorpos anti-HVA total em 60 crianças e adolescentes, entre 1 e 16 anos de idade, portadoras de hepatopatias crônicas, provenientes da unidade de gastroenterologia pediátrica e programa de transplante hepático infantil do serviço de pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O anti-HVA, realizado através de um teste laboratorial comercialmente disponível em nosso meio (Abbott - MEIA HAVAB - sistema AXSYM), foi determinado e relacionado com a idade, com o sexo, com a cor, com o diagnóstico etiológico da hepatopatia e com a renda familiar dos pacientes. Resultados: apenas uma criança de 1 ano, portadora de atresia biliar, foi excluída do estudo por apresentar anti-HVA indeterminado, em duas ocasiões. Das 59 crianças restantes, 14 (24%) apresentavam resultados positivos para o anti-HVA total. As idades dos pacientes com anti-HVA positivos variaram de 1 a 16 anos (x= 7,7 anos e mediana 8,5 anos). Não houve diferença significante entre idade, sexo e cor entre os grupos positivo e negativo. A renda familiar foi menor no grupo dos pacientes anti-HVA positivo, mas não mostrou diferença estatística significante. A diferença de prevalência de anti-HVA entre as etiologias das hepatopatias está, provavelmente, relacionada à idade mais do que ao diagnóstico. Conclusões: na população estudada, a maioria (76%) das crianças e adolescentes portadoras de hepatopatias crônicas é suscetível à infecção pelo vírus A, podendo apresentar, portanto, um curso mais grave e complicações, se adquirirem HVA. Sugerimos, então, que esses pacientes devam receber a vacina inativada contra HVA.
Objective: to evaluate the prevalence of Hepatitis A virus (HAV) in children and adolescents with chronic liver disease in a unit of pediatric hepatology. Methods: between May 1999 and February 2001, we studied the prevalence of anti-HAV in 60 children and adolescents with chronic liver disease, aged between 1 and 16 years, from the Unit of Pediatric Hepatology of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre. The total anti-HAV was determined by a commercially available competitive ELISA method (Abbott), and compared with age, sex, race, etiologic diagnosis and family income of each patient. Results: a one-year old child was not included in the study because she presented twice with undetermined anti-HAV results. Among the other 59 patients, 14 (24%) presented a positive result of total anti-HAV. The ages of test-positive subjects varied between 1 and 16 years old (mean = 7.7 years, median = 8.5). The differences between positive and negative groups in relation to age, sex and race were not statistically significant. Family income was lower in anti-HAV positive patients, but this difference was not significant. The differences between the etiologies of liver diseases were probably more related to the age than to the etiologies of the diseases. Conclusions: in the studied population, the majority (76%) of children and adolescents with chronic liver disease are susceptible to hepatitis A virus infection and, consequently, they could present a more severe disease or even fulminant hepatitis A. We strongly suggest that these subjects receive Hepatitis A inactivated vaccine.