RESUMO O processo de sucessão florestal secundária no Litoral de Santa Catarina é caracterizado por estádios sucessionais bem-definidos. Este trabalho foi realizado com o objetivo de caracterizar esses estádios em relação à riqueza de espécies, índice de diversidade (Shannon-Weaver), grupos de densidades, classes diamétricas, e área basal. O estudo foi realizado em uma área situada no município de São Pedro de Alcântara, localizado a 50 km de Florianópolis, com vegetação característica de Floresta Ombrófila Densa. Foram amostradas seis parcelas de 10x10 m em cada estádio sucessional, Myrsinietum 3 , Miconietum e Mata Secundária. Foram medidos todos indivíduos de espécies arbóreas e arbustivas com altura superior a 1 metro. O estádio de Myrsinietum, com grande dominância de Myrsine coriacea, se caracterizou pela baixa diversidade de espécies (H =2,09 nats), com muitos indivíduos de cada espécie nas classes de menor diâmetro (<10cm), refletindo em uma baixa área basal (6,99 m2/ha). No estádio de Miconietum, com dominância de Miconia cinnamomifolia, existe um grande número de indivíduos nas classes de até 20 cm de DAP, não passando de 35 cm, resultando em uma área basal de 33,67 m2/ha. Nesse estádio, verificou-se um grande número de espécies, com alta diversidade (H = 3,55 nats), das quais a maior parte é de ocorrência muito esparsa. No estádio de Mata Secundária, existe um grande número de indivíduos nas classes até 15 cm de DAP, mas com indivíduos até 52 cm, resultando em uma área basal de 39,11 m2. Nesse estádio, 50% das espécies é de ocorrência muito esparsa com um índice de diversidade (H) de 3,48 nats. Os resultados obtidos neste trabalho não permitiram o enquadramento dos estádios sucessionais de Myrsinietum, Miconietum e Mata Secundária nos estádios de regeneração definidos pela Resolução n. 04/1994 do CONAMA. As características de cada estádio sucessional demonstram a grande dessemelhança existente entre o estádio Myrsinietum e os estádios Miconietum e Mata Secundária, tanto do ponto de vista estrutural como ecológico. Essas diferenças podem subsidiar estratégias, visando ao uso e à conservação dos recursos florestais.
ABSTRACT The forest succession process in the coast of Santa Catarina State, Brazil, is characterized by easily defined stages. In this paper the were characterized these stages regarding species richness and diversity index (Shannon-Weaver index - SWI), density groups, DBH distribution, and basal area. The study was carried out in the municipality of São Pedro de Alcântara, located 50 km from the state capital, Florianópolis, where the forest cover is typical of the Brazilian Mata Atlantica. Six 10x10 m plots were measured in each of the succession stages called Myrsinietum, Miconietum, and Secondary Forest. All individuals of tree and shrub species 1 m or taller were measured. The Myrsinietum stage, with a strong dominance by Myrsine coriacea, was characterized by a small species diversity (SWI = 2.09 nats), with many individuals of each species in the smaller DBH classes (<10 cm), resulting in a low basal area (6.99 m2/ha), despite the high density of plants. In the Miconietum stage, dominated by Miconia cinnamomifolia, there is a high number of individuals in the classes up to 20 cm in DBH, with maximum of 35 cm, resulting in a basal area of 33.67 m2/ha. In this stage, there was a high number of species with high diversity (SWI = 3.55 nats), most of them occurring sparsely. In the Secondary Forest stage, there is a high number of trees in the DBH classes up to 15 cm, but some individuals reached more than 52 cm, resulting in a basal area of 39.11 m2/ha. In this stage, 50% of the species occur very sparsely, with a diversity index (H) of 3.48 nats. According to the results of this study it is not possible to conform the succession stages of Myrsinietum, Miconietum e Mata Secundária with the regeneration stages defined by the Resolution nº04/1994 of CONAMA. The characteristics of each succession stage showed the large dissimilarity between the Myrsinietum and the other stages from the point of view of structure as well as ecological aspects. These dissimilarities can subsidize strategies of use and conservation of local forest resources.