Resumo A formação em Saúde Coletiva objetiva formar profissionais da saúde com conhecimentos voltados para a promoção, prevenção e gestão dos sistemas de saúde. Entretanto, no direcionamento para a abordagem das questões de gênero e sexualidade ainda se observa um aparente silenciamento desse debate nos cursos. O objetivo é compreender a presença ou não de conteúdos que contemplem aspectos de gênero e sexualidade nesta formação, utilizando a análise qualitativa, por meio da Pesquisa Documental e Análise de Conteúdo, a partir do levantamento e análise dos Projetos Pedagógicos Curriculares dos cursos de graduação em Saúde Coletiva no Brasil. Foram analisados 16 projetos dos 21 cursos existentes, sendo constatado, principalmente, que 12 cursos possuem disciplinas que discutem as questões de gênero e sexualidade ao longo da graduação, ora de forma obrigatória, ora optativa. Conclui-se que o debate de gênero e sexualidade ocorre em grande parte das Instituições que apresentam o curso de Saúde Coletiva. Entretanto, esse campo de discussões precisa ser aprimorado inclusive na Diretriz Curricular Nacional para os Cursos de Saúde Coletiva, que deve explicitar esses temas, viabilizando uma formação que supere os preconceitos, violências e o binarismo presentes em uma sociedade sexista e heteronormativa.
Abstract Public Health undergraduation aims to train health professionals with knowledge focused on the promotion, prevention and health systems management. However, an apparent silencing of debate in the courses is noted regarding the approach to issues of gender and sexuality. The objective is to understand the presence or not of contents that consider gender and sexuality aspects in this undergraduation, using the qualitative analysis, through Documentary Research and Content Analysis, from the research and analysis of the Curricular Pedagogical Projects (CPP) of Brazilian Public Health undergraduate courses. A total of 16 projects were analyzed from the 21 existing courses in Brazil. We present, mainly, that 12 courses have disciplines that discuss gender and sexuality issues during graduation, sometimes mandatorily or optionally. We conclude that the debate on gender and sexuality occurs in most of the Institutions with Public Health undergraduate courses. However, this field of discussion must also be improved in the National Curricular Guideline for Public Health courses, which should explicit these topics, enabling an undergraduation that overcomes prejudice, violence and binarism found in a heteronormative and sexist society.