O envelhecimento com qualidade de vida não ocorre de modo equitativo nos grupos raciais de idosos brasileiros e poucas pesquisas analisam este tema nos Estados da Amazônia Legal. O objetivo desta pesquisa foi investigar desigualdades raciais na condição socioeconômica, demográfica e de saúde de idosos maranhenses. Trata-se de estudo transversal envolvendo 450 idosos com 60 anos ou mais incluídos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008. Estimaram-se prevalências para indicadores socioeconômicos, demográficos, de saúde e de hábitos e fatores de risco, segundo as categorias raciais branca, parda ou preta autorreferidas. Utilizou-se o teste Qui-quadrado nas comparações (a=5%). A maioria dos idosos referiu-se como pardos (66,4%) ou brancos (23,3%). Observaram-se significativas diferenças socioeconômicas, demográficas e nos hábitos e estilos de vida entre os grupos raciais. Idosos pretos e pardos, em maior proporção, moravam sozinhos, referiram menor escolaridade e estavam no pior quintil de renda. Apresentaram, também, elevada dependência do Sistema Único de Saúde, baixa realização de mamografia, menor prática de atividade física e maior proporção de fumantes. Contudo, não houve diferença nas prevalências dos indicadores de saúde nem na proporção de idosos segundo o gênero, faixa etária, papel social na família e localização urbano-rural do domicílio. Estes resultados indicam a presença de desigualdades raciais na condição socioeconômica, demográfica, na adesão a hábitos e estilos de vida saudáveis, mas sugerem equidade em saúde. Apontam a complexidade e os desafios do entrecruzamento da raça com aspectos socioeconômicos e reforçam a necessidade da implementação de políticas públicas voltadas para estes grupos populacionais.
Aging with quality of life does not occur equally among the racial groups of Brazilian elderly, and few studies have analyzed this issue in the states of the Brazilian Legal Amazon. The objective of this study was to investigate racial inequalities in the socioeconomic, demographic and health conditions of elderly residents of Maranhão state, Brazil. The present work is a cross-sectional study of 450 elders aged 60 years or older included in the 2008 National Household Sample Survey. The prevalence of socioeconomic, demographic, health and habit indicators and of risk factors were estimated in white, brown and black racial categories that were self-reported by the survey participants. The chi-square test was used for comparisons (a=5%). The majority of the elderly respondents identified themselves as brown (66.4%) or white (23.3%). There were significant socioeconomic, demographic, habit and lifestyle differences among the racial groups. Most of the black and brown elderly lived alone, reported lower educational levels and were in the lowest quintile for income. These respondents were also highly dependent on the Unified Health System (Sistema Único de Saúde - SUS), exhibited low rates of screening mammograms and lower physical activity levels and had a greater proportion of smokers. However, there was no difference in the prevalence of health indicators or in the proportion of elderly by gender, age, social role in the family or the urban-rural location of the household. These results indicate the presence of racial inequalities in the socioeconomic and demographic status and in the practice of healthy habits and lifestyles among elderly from Maranhão, but suggest equity in health status. The results also suggest the complexity and challenges of interlinking race with socioeconomic aspects, and the findings reinforce the need for the implementation of public policies for these population groups.