O artigo apresenta uma reflexão sobre a obra do grupo de rap paulistano Racionais MC's, ressaltando momentos de interlocução entre seus dois últimos álbuns de estúdio: Sobrevivendo no inferno, de 1997, e Nada como um dia após o outro, de 2002. Verificamos nesse percurso discursivo a presença de vozes que se entrelaçam e apontam para um discurso coletivizado, buscando a identificação da periferia com a retórica do grupo, mas que apontam também para uma imersão na subjetividade, para a problematização do próprio discurso, atuando como uma forma de depuração da experiência social na favela. Propomos, ainda, que Sobrevivendo no inferno compreende um momento de inflexão no pensamento do quarteto. Desse modo, temas e perspectivas presentes, ainda que embrionariamente, no primeiro álbum analisado, apontam para os dramas que ganham corpo no segundo.
This paper presents a reflection on the work of the rap group from São Paulo Racionais MC's, highlighting points of dialogue between his last two studio albums: Sobrevivendo no inferno, 1997, and Nada como um dia após o outro, 2002. We found, in this discursive course, the presence of voices which intertwine and indicate a collectivized speech, seeking the identification between the slums and the group's rhetoric, but they also point out to an immersion into the subjectivity, to the problematization of the discourse itself, acting as a form of debugging of the social experience in the favela. We argue further that Sobrevivendo no inferno represents a turning point in the thinking of the quartet. Thus, themes and perspectives present, although embryonically, in the first focused album, point to dramas that take shape in the second one.