O objetivo desse texto é recuperar, a partir de dois textos específicos de Lévi-Strauss, o debate que esse autor trava com a História. Tratam-se mais exatamente de dois ensaios que, apesar de apresentarem título idêntico - "História e etnologia" -, foram redigidos em momentos diferentes e, mais interessante, não se remetem um ao outro. O primeiro deles, e o mais conhecido, é parte da famosa coletânea de artigos escritos por Lévi-Strauss durante os anos 40 e 50, intitulada Antropologia Estrutural. O artigo em questão fora publicado originalmente com o mesmo título na Revue de Métaphysique et de Morale, número 54, no ano de 1949. Já o segundo artigo, é o resultado de uma palestra apresentada por Lévi-Strauss, em 2 de julho de 1983, na Sorbonne, por ocasião do quinto ciclo de conferências em homenagem a Marc Bloch e editado na revista dos Annales, no mesmo ano. A intenção é, portanto, tomar as análises de Lévi-Strauss, entendido nessas searas como o mais radical dos antropólogos em seu método sincrônico e sem sujeito, e perceber como na delimitação disciplinar, sobretudo no campo da Antropologia, pareceu necessária a contraposição com a História.
The aim of this text is to recover, from two specific texts by Lévi-Strauss, the debate the author leads with History. They are precisely two essays that, although having identical titles - History and Ethnology - were written in different moments, and more interestingly, do not refer to one another. The first and most known is part of the famous collection of essays written by Lévi-Strauss during the forties and fifties, entitled Structural Anthropology. The article in question was originally published with the same title in the Revue de Métaphysique et de Morale, number 54, in the year of 1949. The second article, in its turn, is the result of a lecture held by Lévi-Strauss on 2 July 1983 at Sorbonne, on the occasion of the fifth cycle of conferences in honour of Marc Bloch and edited in the Annales magazine, in the same year. The intention is, therefore, to take Lévi-Strauss’ analysis, understood in these areas as the most radical of the anthropologists in his synchronal method and without subject, and to perceive how necessary, in the disciplinary delimitation, the contraposition of History was, mainly in the Anthropology field.