Resumo Introdução: O tratamento do carcinoma de células escamosas de laringe necessita de uma estratificação precisa do risco, para a escolha da terapia mais adequada. O significado prognóstico da margem de ressecção ainda é motivo de debate, considerando-se os resultados contraditórios obtidos em vários estudos sobre a taxa de sobrevida de pacientes com margem de ressecção positiva. Objetivo: Avaliar o papel prognóstico da margem de ressecção em termos de sobrevida e risco de recorrência de tumor primário através da análise de sobrevida. Método: Entre 2007 e 2014, 139 pacientes com carcinoma de células escamosas de laringe foram submetidos à laringectomia parcial ou total e foram acompanhados por um tempo médio de 59,44 ± 28,65 meses. O status de margem de ressecção e outras variáveis, como sexo, idade, grau do tumor, pT, pN, técnica cirúrgica adotada e radio- e/ou quimioterapia pós-operatória, foram investigados como fatores prognósticos. Resultados: Dos pacientes, 45,32% foram submetidos à laringectomia total, enquanto os demais foram submetidos à laringectomia parcial. As margens de ressecção em 73,39% das amostras estavam livres, enquanto em 21 pacientes (15,1%) a avaliação anatomopatológica encontrou uma das margens próxima e 16 indivíduos (11,51%) apresentaram margem de ressecção comprometida. Apenas seis pacientes (4,31%) apresentaram recidiva, o que ocorreu em 83,33% desses pacientes no primeiro ano de seguimento. A sobrevida doença-específica foi de 99,24% em um ano, 92,4% em três anos e 85,91% em cinco anos. A análise multivariada de todas as covariáveis mostrou um aumento na taxa de mortalidade apenas em relação à pN (HR = 5,043; p = 0,015) e recidiva (HR = 11,586; p = 0,012). A margem de ressecção não demonstrou ser um preditor independente (HR = 0,757; p = 0,653). Conclusões: Nosso estudo não identificou a margem de ressecção como fator prognóstico independente; a maioria dos artigos publicados anteriormente não tem escolhas metodológicas unânimes e as coortes de pacientes analisados não são fáceis de comparar. Para chegar a uma concordância unânime em relação ao valor prognóstico da margem de ressecção, seria necessário fazer metanálises em estudos que compartilham a definição da margem de ressecção, metodologia e escolhas terapêuticas pós-operatórias.
Abstract Introduction: The treatment of laryngeal squamous cell carcinoma needs accurate risk stratification, in order to choose the most suitable therapy. The prognostic significance of resection margin is still highly debated, considering the contradictory results obtained in several studies regarding the survival rate of patients with a positive resection margin. Objective: To evaluate the prognostic role of resection margin in terms of survival and risk of recurrence of primary tumour through survival analysis. Methods: Between 2007 and 2014, 139 patients affected by laryngeal squamous cell carcinoma underwent partial or total laryngectomy and were followed for mean of 59.44 ± 28.65 months. Resection margin status and other variables such as sex, age, tumour grading, pT, pN, surgical technique adopted, and post-operative radio- and/or chemotherapy were investigated as prognostic factors. Results: 45.32% of patients underwent total laryngectomy, while the remaining subjects in the cohort underwent partial laryngectomy. Resection margins in 73.39% of samples were free of disease, while in 21 patients (15.1%) anatomo-pathological evaluation found one of the margins to be close; in 16 subjects (11.51%) an involved resection margin was found. Only 6 patients (4.31%) had a recurrence, which occurred in 83.33% of these patients within the first year of follow-up. Disease specific survival was 99.24% after 1 year, 92.4% after 3 years, and 85.91% at 5 years. The multivariate analysis of all covariates showed an increased mortality rate only with regard to pN (HR = 5.043; p = 0.015) and recurrence (HR = 11.586; p = 0.012). Resection margin did not result an independent predictor (HR = 0.757; p = 0.653). Conclusions: Our study did not recognize resection margin as an independent prognostic factor; most previously published papers lack unanimous, methodological choices, and the cohorts of patients analyzed are not easy to compare. To reach a unanimous agreement regarding the prognostic value of resection margins, it would be necessary to carry out meta-analyses on studies sharing definition of resection margin, methodology and post-operative therapeutic choices.