RESUMO O artigo comenta ideias que Machado de Assis expressa em suas críticas sobre a dramaturgia brasileira, evidencia a importância que ele atribui a essa forma de expressão artística e confirma, a partir da análise de textos narrativos, que ele transfere para o espaço da ficção sua experiência de dramaturgo, avaliador e crítico de peças teatrais. A partir dessa perspectiva, o artigo centra-se no diálogo com a dramaturgia que está presente em “A Cartomante” e que se manifesta nos recursos composicionais do processo narrativo, bem como na denúncia de procedimentos ditados pela falsidade, os quais ordenam a vida social como um espetáculo. O artigo conclui que, ao retomar, em 1884, a temática do adultério, presente em seus próprios textos e na dramaturgia dos decênios de 1850 e 1860, Machado desenvolve-a a partir de nova concepção, atribuindo à crendice e à ingenuidade dos amantes a causa de sua infelicidade. Essa concepção traduz, por um lado, a avaliação do escritor sobre o contexto social e, por outro, promove a finalidade moralizadora que ele confere à arte. brasileira confirma narrativos dramaturgo teatrais perspectiva centrase centra Cartomante narrativo falsidade espetáculo retomar 1884 adultério 185 1860 desenvolvea desenvolve infelicidade traduz lado outro arte 188 18 186 1
ABSTRACT The article comments on the ideas that Machado de Assis expresses in his criticism of Brazilian dramaturgy, highlights the importance he attributes to this form of artistic expression and confirms, based on the analysis of narrative texts, that he transfers his experience as a playwright, evaluator, and critic of plays to the space of fiction. From this perspective, the article focuses on the dialog with dramaturgy that is present in “The fortune-teller” and which manifests itself in the compositional resources of the narrative process, as well as in the denunciation of procedures dictated by falsehood, which order social life like a spectacle. The article concludes that when Machado returned in 1884 to the theme of adultery, which was present in his own texts and in the dramaturgy of the 1850s and 1860s, he developed it from a new conception, attributing the cause of the lovers' unhappiness to belief and naivety. This conception reflects on the one hand, the writer’s assessment of the social context, and, on the other, promotes the moralizing purpose he gives to art. confirms playwright evaluator fiction perspective fortuneteller fortune teller fortune-teller process falsehood spectacle 188 adultery s 1860s lovers naivety hand writers writer context other art 18 1