Este trabalho teve como objetivo obter dados a respeito de mulheres vitimizadas que são atendidas em uma casa abrigo governamental denominada "Casa de Apoio Viva Maria", situada na cidade de Porto Alegre. Analisaram-se informações referentes a 110 mulheres que estiveram albergadas na casa durante os últimos dois anos - janeiro de 1996 a junho de 1998. O perfil da clientela mostrou que as mulheres eram jovens - em média, 29 anos; todas de baixa renda; 12% analfabetas, 21% negras, 80% delas com história de violência doméstica freqüente. Além disso, 18% destas mulheres retornaram à relação com o companheiro violento. Foram efetuadas visitas domiciliares a 34 ex-moradoras, convidando-as a participar de uma série de oficinas de avaliação. Um total de 118 pessoas - mães e crianças - integrou os três encontros de avaliação. Durante estes, os pesquisadores estimularam as participantes a expressar suas opiniões, percepções e sentimentos a respeito da experiência vivida na casa abrigo, assim como seus conceitos no tocante à violência. Finalmente, realizou-se um grupo focal com a equipe técnico-administrativa da casa. As trabalhadoras enfatizaram o quanto esse tipo de trabalho tem sido útil para seu desenvolvimento pessoal e auxiliou a modificar suas vidas.
This research was conducted in Porto Alegre, Rio Grande do Sul, with a sample of battered women selected from a government shelter called the "Casa Viva Maria". We analyzed data on 110 women staying at the shelter during the previous two years (January 1996-June 1998). The profile of the women was as follows: abused women were young (mean age 29 years), all had low socioeconomic status, 12% were illiterate, 21% were black, 80% reported frequent abuse by their partners, and 18% had returned to violent homes. The researchers visited 34 former lodgers from the shelter and invited them to participate in a series of evaluation workshops. A total of 118 persons, including mothers and children, attended three evaluation meetings. During this process, researchers encouraged participants to express opinions, perceptions, and feelings about their past experience in the shelter and their own concept of violence. Finally, a focal group was organized with the "Viva Maria" staff members. Female workers reported how their job had been helpful for their personal development and had helped change their own lives.