A sífilis congênita permanece como um problema de saúde pública no Brasil. Este estudo busca descrever a evolução da incidência da sífilis congênita em Belo Horizonte entre 2001 e 2008 e determinar fatores de risco associados ao diagnóstico da doença. Os dados sobre os casos de sífilis congênita e sobre a população de nascidos vivos foram obtidos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), respectivamente. Análise de regressão logística multivariada utilizou a população de nascidos vivos como grupo de referência para identificar fatores de risco independentes para sífilis congênita. A incidência anual da sífilis congênita apresentou uma tendência crescente, de 0,9 para 1,6 casos por 1.000 nascidos vivos entre 2001 e 2008. Fatores de risco independentes para sífilis congênita incluíram: escolaridade materna < 8 anos (OR: 1,3; IC 95%: 1,2-1,4), cor materna parda ou negra (2,1; 1,5-2,8) e a ausência de realização de pré-natal (11,4; 8,5-15,4). A forte associação entre ausência de pré-natal e ocorrência de sífilis congênita indica que a universalização do pré-natal é crucial para o controle deste agravo. O efetivo controle do agravo no Brasil dependerá também de ações para reduzir as iniquidades sociais em saúde.
Congenital syphilis continues to be a public health problem in Brazil. The scope of this study is to describe the trends in the incidence of congenital syphilis in Belo Horizonte between 2001 and 2008 and determine risk factors associated with disease diagnosis. Data on cases of congenital syphilis and on the population of live births were obtained from the National Notifiable Diseases Information System (SINAN) and from the National Live Birth Information System (SINASC), respectively. Multivariate logistic regression analysis used the population of live births as the reference group to identify independent risk factors for congenital syphilis. The annual incidence of congenital syphilis revealed a rising trend from 0.9 to 1.6 cases per 1,000 live births between 2001 and 2008. Independent risk factors for congenital syphilis included: maternal schooling <8 years (OR: 1,3; 95% CI: 1,2-1,4); black or mixed maternal race (2,1; 1,5-2,8) and lack of antenatal care (11,4; 8,5-15,4). The strong association between the lack of antenatal care and congenital syphilis indicates that universalization of antenatal care is critical for the control of congenital syphilis. The effective control of the disease in Brazil will depend on actions to reduce social inequities in health.