RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência e analisar os fatores associados ao handicap auditivo autorreferido por trabalhadores do setor da construção do estado de Mato Grosso, Brasil. Métodos: Foi realizado estudo transversal com 866 trabalhadores da construção civil e pesada. Os trabalhadores responderam a um inquérito epidemiológico subdividido em: dados de identificação; dados sociodemográficos; estilo de vida; características do ambiente de trabalho; fatores de exposição ocupacional; medidas de proteção auditiva; e questionário de handicap auditivo para quantificar as consequências psicossociais da perda auditiva relacionada ao trabalho. Resultados: A prevalência do handicap auditivo entre os trabalhadores do setor da construção foi de 14,43% (n = 125). Foram referidas 311 queixas emocionais e sociais em função dos problemas de audição. O handicap auditivo foi associado com: faixa etária de 60 anos ou mais (RP = 1,94; IC95% 1,01 - 3,71); etilismo (RP = 1,94; IC95% 1,38 - 2,73); exposição direta a ruídos (RP = 1,75; IC95% 1,03 - 2,97); exposição à poeira (RP = 1,59; IC95% 1,13 - 2,24); não uso de abafador do tipo inserção (RP = 1,39; IC95% 1,00 - 1,93); e não uso de boné do tipo árabe (RP = 1,52; IC95% 1,09 - 2,13). Conclusão: Os trabalhadores do setor da construção autorreferiram alta presença de handicap auditivo, sendo associada a: possuir 60 anos ou mais; etilismo; exposição a ruídos e poeira; não uso de abafador do tipo inserção; e não uso de boné do tipo árabe. Portanto, faz-se necessária a implementação de políticas que visem à conservação da saúde auditiva dos trabalhadores da construção civil e pesada.
ABSTRACT: Objective: To estimate the prevalence and to analyze the factors associated with self-reported hearing handicap by construction workers in the state of Mato Grosso, Brazil. Methods: A cross-sectional study was conducted with 866 construction and heavy construction workers. Participants responded to an epidemiological survey subdivided in: identification data, sociodemographic data; lifestyle; work environment characteristics; occupational exposure factors; hearing protection measures; and hearing handicap inventory to quantify the psychosocial consequences of work-related hearing loss. Results: The prevalence of hearing impairment among workers in the construction sector was 14.43% (n = 125). There were 311 emotional and social complaints related to hearing problems. Hearing handicap was associated with: 60 or over age group (PR = 1.94, 95%CI 1.01 - 3.71); alcohol consumption (PR = 1.94, 95%CI 1.38 - 2.73); direct exposure to noise (PR = 1.75; 95%CI 1.03 - 2.97); exposure to dust (PR = 1.59, 95%CI 1.13 - 2.24); non-use of earplugs (PR = 1.39, 95%CI 1.00 - 1.93); and non-use of neck flap cap (PR = 1.52, 95%CI 1.09 - 2.13). Conclusion: We observed a high prevalence of hearing impairment among workers in the construction sector associated with: individuals aged 60 years or older; alcoholism; exposure to noise and dust; non-use of earplugs; and non-use of neck flap cap. Therefore, it is necessary to implement policies aimed at preserving the hearing health of construction and heavy construction workers.