RACIONAL: A anastomose esplenorrenal distal (operação de Warren) tem sido indicada para tratamento do sangramento digestivo provocado pelas varizes esofágicas pois, idealmente, reduziria a pressão venosa no território cardiotuberositário sem alterar o fluxo mesentérico-portal. Entretanto, as mudanças que esta operação provoca no território esplênico não foram totalmente esclarecidas. OBJETIVO: Avaliar alterações morfológicas e hemodinâmicas tardias no território esplênico decorrentes da anastomose esplenorrenal distal, em pacientes com hipertensão portal por esquistossomose mansônica hepatoesplênica complicada com hemorragia pelas varizes esofágicas. MÉTODO: Estudo, mediante ultra-som-Doppler, da região esplênica de 52 pacientes com hipertensão portal por esquistossomose hepatoesplênica divididos em dois grupos: 40 não-operados e 12 com anastomose esplenorrenal distal. Neles foram comparados: a) parâmetros morfométricos (diâmetro da artéria e veia esplênicas, diâmetros esplênicos: longitudinal, transversal e ântero-posterior); b) parâmetros velocimétricos do fluxo nos vasos esplênicos (velocidade de pico sistólico na artéria esplênica e velocidade média de fluxo na veia esplênica); c) índice biométrico do baço (longitudinal x transversal); d) índice volumétrico do baço (longitudinal x transversal x ântero-posterior x 0,523); e) índices hemodinâmicos de impedância na artéria esplênica (pulsatilidade e resistividade). RESULTADOS: Nos pacientes com anastomose esplenorrenal distal observaram-se: a) redução - índice volumétrico (não-operados 903,83 ± 452,77 cm³/anastomose esplenorrenal distal 482,32 ± 208,02 cm³ (46,64%)) e biométrico esplênico (não-operados 138,14 ± 51,89 cm²/anastomose esplenorrenal distal 94,83 ± 39,83 cm² (33,35%)); b) ausência de variação - artéria esplênica: diâmetro (não-operados 0,57 ± 0,16 cm/anastomose esplenorrenal distal 0,57 ± 0,23 cm)), velocidade de pico sistólico na artéria esplênica (não-operados 107 ± 42,02 cm/seg/ anastomose esplenorrenal distal 89,81 ± 41,20 cm/seg)), índice de resistividade (não-operados 0,58 ± 0,008/anastomose esplenorrenal distal 0,56 ± 0,06)) e índice de pulsatilidade (não-operados 0,91 ± 0,19/anastomose esplenorrenal distal 0,86 ± 0,15); - veia esplênica (não-operados 1,10 ± 0,30 cm/anastomose esplenorrenal distal 1,19 ± 0,29 cm)); c) aumento - da velocidade média de fluxo na veia esplênica (não-operados 20,54 ± 8,45 cm/seg/anastomose esplenorrenal distal 27,83 ± 9,29 cm/seg)). CONCLUSÕES: A comparação dos exames ultra-som-Doppler entre os dois grupos (não-operados e anastomose esplenorrenal distal) mostrou que nos pacientes com esquistossomose mansônica hepatoesplênica e operados de anastomose esplenorrenal distal há redução dos índices biométrico e volumétrico do baço; não há modificação dos parâmetros morfológicos e hemodinâmicos nem dos índices velocimétricos da artéria esplênica; há aumento da velocidade média de fluxo na veia esplênica.
BACKGROUND: The distal splenorenal anastomosis (Warren's operation) has been indicated for the treatment of high digestive bleeding caused by esophagic varices because it would ideally reduce the venous pressure in the cardiotuberositary territory without changing the mesenteric-portal venous flow. However, the changes it produce in the splenic territory have not been fully understood. AIM: To appraise the late morphologic and hemodynamic changes in the splenic territory produced by the distal splenorenal anastomosis in patients with portal hypertension due to mansoni's hepatosplenic schistosomiasis complicated by esophagic bleeding. METHOD: Ultrasonography-Doppler study of the splenic region of 52 patients with portal hypertension due to mansoni's schistosomiasis and previous bleeding by esophagic varices. They were divided in two groups: 40 non operated upon and 12 with a distal splenorerenal anastomosis. The following parameters and indices were compared between the two groups: a) morphometric parameters (splenic artery and vein's diameter, splenic diameters (longitudinal, transversal and antero-posterior); b) velocimetric parameters of the splenic vessels (systolic peak velocity in the splenic artery, mean flow velocity in the splenic vein; c) biometric index of the spleen (longitudinal x transversal); volumetric index of the spleen (longitudinal x transversal x antero-posterior x 0,523); hemodynamic indices of the splenic artery's impedance: pulsatility and resistivity. RESULTS: The patients with distal splenorenal anastomosis showed: a) reduction in splenic indices: volumetric (non operated 903,83 ± 452, 77 cm³ / distal splenorenal anastomosis 482,32 ± 208,02 cm³ (46,64%)) and biometric (non operated 138,14 ± 51,89 cm²/distal splenorenal anastomosis 94,83 ± 39,83 cm² (33,35%)); b) no change: splenic artery's diameter (non operated 0,57 ± 0,16 cm/distal splenorenal anastomosis 0,57 ± 0,23 cm); velocity in the splenic artery non operated 107 ± 42,02 cm/seg/distal splenorenal anastomosis 89,81 ± 41,20 cm/seg), resistivity (non operated 0,58 ± 0,008/distal splenorenal anastomosis 0,56 ± 0,06) and pulsatility (non operated 0,91 ± 0,19/distal splenorenal anastomosis 0,86 ± 0,15, splenic vein (non operated 1,10 ± 0,30 cm/distal splenorenal anastomosis 1,19 ± 0,29 cm); c) increase: mean flow velocity in the splenic vein (non operated 20,54 ± 8,45 cm/seg/distal splenorenal anastomosis 27,83 ± 9,29 cm/seg). CONCLUSIONS: The comparison of the ultrasonography Doppler results of the two groups of patient (non operated and distal splenorenal anastomosis) showed that in patients with distal splenorenal anastomosis there was a decrease of the volume of spleen; increase in the mean flow velocity in the splenic vein; no changes in the morphologic and hemodinamyc parameters of the splenic artery neither in its velocimetric indices.