Resumo: O estudo teve como objetivo investigar se as interseções de identidades definidas por raça/cor e gênero estão associadas ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool em uma amostra representativa de adultos brasileiros. Este foi um estudo transversal com 48.234 participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. Foram usadas odds ratio (OR) brutas e ajustadas com os respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) para estimar as associações entre interseções de categorias de raça/cor e gênero (mulher branca, mulher parda, mulher preta, homem branco, homem pardo, homem preto) com tabagismo e consumo excessivo de álcool, derivados da combinação de “dias” e “doses” semanais. A prevalência de tabagismo variou de 10,6% em mulheres brancas a 23,1% em homens pretos, enquanto a prevalência de consumo elevado de álcool variou de 3,3% a 14%, respectivamente. Em comparação com mulheres brancas, apenas homens brancos, pardos e pretos apresentaram risco maior de tabagismo, chegando a um OR de 2,04 (IC95%: 1,66-2,51) em homens pretos. Quanto ao consumo excessivo de álcool, todas as categorias mostraram maior risco de consumo em comparação com as mulheres brancas, com a maior magnitude em homens pretos (OR = 4,78; IC95%: 3,66-6,23). As associações mantiveram a significância estatística depois de ajustar para fatores sociodemográficos, comportamentais e de saúde. Os resultados revelam diferenças no hábito de fumar e no consumo excessivo de álcool quando as categorias de interseções foram comparadas a análises tradicionais. Os achados reforçam a importância da inclusão de raça/cor e gênero em estudos epidemiológicos.
Abstract: This study aims to investigate whether the intersectional identities defined by race/skin color and gender are associated with smoking and excessive consumption of alcohol in a representative sample of Brazilian adults. This is a cross-sectional study with 48,234 participants in the Brazilian National Health Survey (PNS) - 2013. Crude and adjusted odds ratios (OR) and respective 95% confidence intervals (95%CI) were used to estimate the associations of intersectional categories of race/skin color and gender (white woman, brown woman, black woman, white man, brown man, black man) with smoking and excessive consumption of alcohol, based on the combination of weekly “days” and “servings”. The prevalence of smoking varied from 10.6% for white women to 23.1% for black men, while the prevalence of elevated consumption of alcohol ranged from 3.3% to 14%, respectively. In comparison to white women, only white, brown, and black men presented greater chances of smoking, reaching the OR of 2.04 (95%CI: 1.66-2.51) in black men. As to excessive consumption of alcohol, all intersectional categories showed greater chances of consumption than white women, with the greatest magnitude in black men (OR = 4.78; 95%CI: 3.66-6.23). These associations maintained statistical significance after adjustments made for sociodemographic, behavioral, and health characteristics. Results demonstrated differences in smoking habit and excessive consumption of alcohol when the intersectional categories were compared to traditional analyses. These findings reinforce the significance of including intersectionality of race/skin color and gender in epidemiological studies.
Resumen: El objetivo fue investigar si las identidades interseccionales, definidas por raza/color de piel y género, están asociadas con el consumo de tabaco y excesivo consumo de alcohol en una muestra representativa de adultos brasileños. Se trata de un estudio trasversal con 48.234 participantes en la Encuesta Nacional de Salud Brasileña (PNS) - 2013. Las odds ratio (OR) crudas y ajustadas y los respectivos intervalos de 95% confianza (IC95%) fueron usados para estimar las asociaciones de categorías interseccionales de raza/color de piel y género (mujer blanca, mujer mestiza, mujer negra, hombre blanco, hombre mestizo, hombre negro) con el consumo de tabaco y el excesivo consumo de alcohol, derivado de la combinación semanal de “días” y “cantidades consumidas”. La prevalencia de consumo de tabaco varió de 10.6% en mujeres blancas al 23,1% en hombres negros, mientras que la prevalencia de consumo elevado de alcohol fue de un 3,3% al 14%, respectivamente. En comparación con las mujeres blancas, solo blancos, mestizos, y hombres negros presentaron oportunidades mayores de fumar, alcanzando la OR de 2,04 (95%CI: 1,66-2,51) en hombres negros. Así como que, para el excesivo consumo de alcohol, todas las categorías interseccionales mostraron oportunidades mayores de consumo que las mujeres blancas, con una magnitud más grande en hombres negros (OR = 4,78; 95%CI: 3,66-6,23). Estas asociaciones mantuvieron significancia estadística, tras los ajustes realizados para características sociodemográficas, comportamentales, y características de salud. Los resultados demostraron que el hábito de fumar y el excesivo consumo de alcohol mostraron diferencias cuando se compararon las categorías interseccionales con los análisis tradicionales. Estos resultados refuerzan la importancia de incluir la interseccionalidad de raza/color de piel y género en estudios epidemiológicos.