Resumo Como abordar uma doença que traz vivências tão singulares e fazê-lo sem dissociações com as relações, as condições de vida e sociedade? A Disfunção temporomandibular (DTM) é um grupo de desordens crônicas difíceis de diagnosticar e prover tratamento. Como em outras doenças similares, tais dificuldades podem agravar o impacto negativo sobre a saúde. O estudo busca identificar vivências de usuários de serviços de saúde com DTM, visando contribuir com as práticas de reflexão e manejo para a questão. Foi desenvolvido um estudo qualitativo, de caráter otobiográfico, a partir de entrevistas com pessoas em tratamento de DTM. Parte-se da premissa nietzschiana de que o processo de subjetivação é alimentado por vivências; portanto, o método busca a identificação de traços dessas vivências nos textos produzidos a partir da transcrição das entrevistas. As vivências dos pacientes foram agrupadas em cinco trincheiras: nomeação; frustrações; escondido; tristeza, medo e morte; e destinos. Uma variedade de efeitos negativos foi descrita através dos três primeiros estágios, enquanto em destinos, emergem as sensações de bem-estar. Destaca-se o valor do espaço profissional-usuário, que expressa a potência de criação de modos inovadores e sensíveis de lidar com os processos de saúde-doença.
Abstract How does one address an ailment related to such unique experiences without dissociating it from relationships, living conditions and society? Temporomandibular Disorder (TMD) is one of a group of chronic disorders that are difficult to diagnose and provide treatment. As in other similar ailments, such difficulties may accentuate a negative impact on health. The study seeks to identify experiences of health service users with TMD, aiming to contribute to reflection and management practices for the issue. A qualitative otobiographical study was developed, using interviews with people undergoing TMD treatment. Based on the Nietzschean premise that the process of subjectivation is fed by experiences, the method seeks to identify traces of these experiences through the texts resulting from the interviews. Patients’ experiences were grouped into five categories: recognition; frustrations; concealment; sadness, fear and death; and destinies. A variety of negative effects have been described in the first three stages, whereas the last one, namely destinies, elicits feelings of well-being. The value of the interactive (professional-user) space, which expresses itself as the power to create innovative and sensitive ways of dealing with health-disease processes, needs to be highlighted.