Estudou-se coorte constituída de uma amostra probabilística (N=468) de crianças menores de 5 anos, residentes em 5 áreas do Município de São Paulo, SP (Brasil), acompanhada durante 1 ano, por meio de entrevistas mensais. A pesquisa foi desenvolvida no período de março de 1986 a maio de 1987. Entre as características sociais e econômicas das famílias das crianças estudadas, estão: a) mediana da renda familiar "per capita" de um salário-mínimo da época; b) 29,3% das crianças tinham pais migrantes com tempo médio de fixação no Município de São Paulo de 18,6 anos; c) 40% das famílias utilizavam exclusivamente serviços de saúde públicos ou filantrópicos. Das crianças estudadas, 87,3% eram eutróficas; 94% haviam recebido todas as doses de vacina preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações; 90,6% nunca haviam sido internadas em conseqüência de infecção respiratória aguda (IRA). Durante a investigação foram identificados 554 episódios de IRA, com uma duração média de 6,8 dias, e uma incidência de 11,08 episódios por 100 crianças/mês. O grupo etário mais atingido foi o dos menores de 1 ano. Em 36,1% dos casos de IRA identificados, verificaram-se eventos semelhantes no mesmo domicílio, sendo que em 53% desses episódios o caso-índice foi uma criança menor de 6 anos. Quanto ao tipo de atendimento, em 45,7% dos episódios as crianças foram tratadas pelas próprias mães, 6,9% recorreram a farmacêuticos, 46,7% foram atendidas em diferentes tipos de ambulatórios e somente 4 casos (0,7%) necessitaram tratamento hospitalar, com um deles evoluindo para óbito. As medidas terapêuticas mais utilizadas entre os casos que demandaram assistência médica foram a antibioticoterapia e os expectorantes. Alguns fatores socioeconômicos e antecedentes pessoais, tais como condições habitacionais, aglomeração intradomiciliar assim como antecedentes de doenças respiratórias, mostraram-se associados à incidência mais elevada de IRA.
A probabilistic sample of children up to 5 years old was studied (n=468). The epidemiological survey was carried out in five areas in the municipality of S. Paulo (Brazil), from March 1986 to May 1987. Data were obtained through household interviews once a month during one year. Some of the most relevant socioeconomic characteristics of the children's families are: low family income "per capita"; 29.3% of the parents were migrants with a mean period of residence in S. Paulo city of 18.6 years; 40% of the families had access exclusively to public or philanthropic health care services. Among the children included in the research, 87.3% were eutrophic, 94% were fully vaccined, 90.6% had never been hospitalized as a consequence of acute respiratory infections (ARI). During the follow up of 1 year, 554 episodes of ARI with mean of 6.8 days of duration were identified. The incidence of ARI was 11.8 episodes per 100 children/month. The most vulnerable age group consisted of children up to one year of age. Thirty six percent of the ARI events were followed by at least one other case in the household. The index case in 53% of these cases were children up to 6 years old. Around 52.6% of the episodes did not require a medical assistance, 46.7% were assisted in ambulatory, 4 cases (0.7%) have had hospital treatment and only one died. The most frequent therapeutical conduct regarding children submitted to medical care assistance was the prescription of antibiotics and expectorants. Some factors related to social-economic status and personal background such as living conditions and history of previous respiratory diseases were associated with higher incidence of ARI.