OBJETIVO: (Re)conhecer o significado da perda fetal para mulheres que vivenciaram a experiência, a partir da compreensão do processo de gravidez, com base em seus relatos. MÉTODOS: Pesquisa de análise qualitativa com base nas histórias de sete mulheres que vivenciaram a experiência de perda fetal, no município de Arujá, SP, no período de julho de 1998 a junho de 1999. As mulheres foram identificadas a partir de atestados de óbito de nascidos mortos no período de estudo, obtidos no Cartório de Registro Civil de Arujá. Como procedimentos metodológicos, foram utilizadas a técnica de história oral para a coleta de dados e a técnica de análise de conteúdo do material coletado. As entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas integralmente, e posteriormente recortadas para análise. RESULTADOS: Os achados foram analisados, contemplando dois momentos: o contexto circunstancial da gravidez e o impacto após a perda, adotando-se categorias temáticas específicas. A primeira parte aborda a percepção da gravidez, a notícia da vinda do bebê, os problemas de saúde até a perda e o atendimento do serviço de saúde. O significado da perda do bebê para as mulheres desse estudo foi evidenciado por três eixos centrais: perda de parte dela, fatalidade atribuída ao divino e mudanças de atitude perante a vida. A rede social de apoio a essas mulheres foi constituída sobre dois pilares: a família e a igreja, sendo praticamente inexistente o apoio de serviços de saúde. Ao final, todas elas expressaram a vontade de viver, a necessidade de trabalhar, de estudar e, até mesmo, de ter nova gravidez. CONCLUSÕES: Faz-se necessária uma mudança de paradigma nessa missão de atender pessoas; é preciso humanizar o atendimento nos serviços de saúde. Ficou muito evidente a necessidade do acompanhamento de usuárias de serviços de saúde que tiveram uma perda fetal, por uma equipe multiprofissional. Foi evidenciada, também, a importância de uma rede de apoio para mulheres que vivenciam esse problema.
OBJECTIVE: To recognize the significance of fetal loss for women who have experienced it, starting from an understanding of the pregnancy process, based on their reports. METHODS: This was a qualitative analysis study based on the histories of seven women who experienced fetal loss in the town of Arujá, State of São Paulo, between July 1998 and June 1999. The women were identified from the death certificates of stillborn infants born within the study period, which were obtained from the Civil Registry Office of Arujá. The methodological procedures involved the utilization of the techniques of oral history-taking to gather data and content analysis to evaluate the material collected. The interviews were recorded, fully transcribed and subsequently prepared for analysis. RESULTS: The findings were analyzed as two points: the circumstantial context of the pregnancy and the impact after the loss, with the adoption of specific thematic categories. The first of these encompassed the woman's perception of the pregnancy, her awareness of the coming of the new baby, health problems up to the time of the loss, and the health service attendance. The significance of the loss for the women in this study was made evident along three central lines: the loss of a part of herself, attribution of the fatality to divine intervention and changes in attitude towards life. The social support network for these women was built on two pillars: family and church. Support from the health services was practically nonexistent. Finally, they all expressed their will to live and the need to work, study and even have another pregnancy. CONCLUSIONS: There needs to be a change in general concepts in the mission to attend to such women. The attendance provided by the healthcare services needs to be humanized. The need for multiprofessional follow-up of healthcare service users who suffered fetal loss was very evident. The importance of a support network for women who have gone through this problem was also shown.