RESUMO O presente artigo tem como objetivo abordar o conceito de máquina e a consequente apropriação do mesmo nas discussões sobre a subjetividade. É um estudo teórico na interface entre psicologia, filosofia, física e biologia. Nesse sentido, ele se inicia apresentando que, na modernidade, a analogia à máquina foi estendida à compreensão do universo como sendo um relógio preciso e geometricamente previsível em seu funcionar. E se, até o século XVIII, a vida, o corpo e o cosmos foram significados, pela ciência emergente, como uma máquina mecânica (de movimento calculável em sua previsibilidade), no século XIX estes passaram igualmente a serem compreendidos como uma máquina térmica, com seus desdobramentos na física da termodinâmica e na cibernética. No final do século XX, a partir dos trabalhos dos biólogos Francisco Varela e Humberto Maturana, o conceito de máquina autopoiética ganhou relevância nos estudos sobre a vida e sobre a cognição, sendo este apropriado por Félix Guattari no desenvolvimento de seu conceito de produção de subjetividade e suas problematizações em torno dos processos de subjetivação. Assim, o conceito de máquina saiu das limitações de uma leitura mecânica e termodinâmica da realidade, para uma abordagem existencial, processual e inventiva da subjetividade.
ABSTRACT This article aims to address the concept of machine and its consequent appropriation in the discussions on subjectivity. It is a theoretical study at the interface among Psychology, Philosophy, Physics and Biology. In this sense, it starts showing that in the modernity, the analogy to the machine was extended to the understanding of the universe as a precise and geometrically predictable functioning clock. And if, until the eighteenth century, life, body and cosmos were signified by the emerging science as a mechanical machine (of calculable motion in its predictability), in the nineteenth century they also came to be understood as a thermal machine, with its developments in the thermodynamics physics and cybernetics. In the late twentieth century, the concept of autopoietic machine gained relevance in the studies of life and cognition, based on the works of the biologists Francisco Varela and Humberto Maturana, which is appropriated by Félix Guattari for the development of his concept of the production of subjectivity and its problematizations around the subjectivation processes. Thus, the concept of machine has gone beyond the limitations of a mechanical and thermodynamics reading of reality, to an existential, procedural and inventive approach of the subjectivity.
RESUMEN El presente artículo tiene como objetivo abordar el concepto de máquina y la consiguiente apropiación del mismo en las discusiones sobre la subjetividad. Es un estudio teórico en la interfaz entre Psicología, Filosofía, Física y Biología. En ese sentido, se inicia presentando que, en la modernidad, la analogía a la máquina se extendió a la comprensión del universo como un reloj preciso y geométricamente previsible en su funcionamiento. Y si, hasta el siglo XVIII, la vida, el cuerpo y el cosmos fueron significados, por la ciencia emergente, como una máquina mecánica (de movimiento calculable en su previsibilidad), en el siglo XIX estos pasaron igualmente a ser comprendidos como una máquina térmica, con sus desdoblamientos en la física de la termodinámica y en la cibernética. A finales del siglo XX, a partir de losestudios de los biólogos Francisco Varela y Humberto Maturana, el concepto de máquina autopoiética ganó relevancia en los estudios sobre la vida y sobre la cognición, siendo éste apropiado por Félix Guattari en el desarrollo de su concepto de producción de subjetividad y sus problemasen torno a los procesos de subjetivación. Así, el concepto de máquina salió de las limitaciones de una lectura mecánica y termodinámica de la realidad, hacia un enfoque existencial, procesal e inventivo de la subjetividad.