O fracionamento por tamanho molecular da matéria orgânica natural (MON) de amostras de água do Parque Nacional Serra de Itabaiana (Brasil) foi utilizado para caracterização temporal da complexação de íons metálicos. Um sistema de ultrafiltração em cinco estágios foi usado para separar a MON em seis frações (F1: > 100; F2: 100-50; F3: 50-30; F4: 30-10; F5: 10-5; F6: < 5 kDa). A distribuição obtida, inicialmente para amostra in natura, mostrou que metais (Al, Ba, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Sr) foram complexados, preferencialmente, pela fração F1, a qual continha maior concentração de carbono orgânico dissolvido (COD). A seguinte ordem decrescente de distribuição de carbono foi obtida: F1 >> F3 > F2 = F4 > F6 > F5. As frações F2 e F5 foram as mais humificadas e F6 a menos humificada. Após 30 dias com adição de elevadas concentrações de metais nas amostras filtradas novas distribuições de COD e metais foram observadas. Maior COD ainda foi encontrado na F1 com teores de carbono decrescendo na seguinte ordem: F1 > F2 > F3 > F4 > F5 > F6. Os metais apresentaram distribuições similares e homogêneas em todas as frações. Valores de log K foram similares para as amostras in natura e para aquelas de 30 dias após a adição dos metais (7,1 e 7,0; 6,6 e 6,9; e 7,2 e 7,0 para Al, Cu e Fe-MON, respectivamente), indicando uma nova condição de equilíbrio na distribuição dos metais após 30 dias. As espécies formadas entre MON e os metais adicionados mostraram um modelo de distribuição que mudou em função do tempo de complexação, indicando uma transformação dos sítios de ligação da MON, sugerindo que o efeito coletivo das frações é mais importante que as propriedades individuais e confirmando que as frações mais humificadas exercem grande influência na complexação de metais em ambientes aquáticos.
Molecular size fractionation of the natural organic matter (NOM) in water samples from the Serra de Itabaiana National Park (Brazil) was used to characterize the temporal behavior of metal ion complexation. A special five-stage tangential-flow ultrafiltration device was used to separate NOM in six size fractions (F1: > 100; F2: 100-50; F3: 50-30; F4: 30-10; F5: 10-5; F6: < 5 kDa). The distribution patterns obtained for one in natura sample showed that metals (Al, Ba, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb and Sr) were preferentially complexed by the F1 fraction, which contained higher concentration of dissolved organic carbon (DOC). The following decreasing order of carbon distribution in the different fractions was obtained: F1 >> F3 > F2 = F4 > F6 > F5. Fractions F2 and F5 were the most humified, and F6 the least. New distributions of DOC and metals were observed after 30 days when high concentrations of metals were added to filtered samples. Highest DOC was still found in F1, with carbon contents decreasing in the following order: F1 > F2 > F3 > F4 > F5 > F6. The studied metals presented similar and homogeneous distributions in all fractions. Values of log K were similar for samples in natura and 30 days after addition of metals (7.1 and 7.0, 6.6 and 6.9, and 7.2 and 7.0 for Al, Cu and Fe-NOM, respectively), indicating a new dynamic equilibrium in the metals distribution after 30 days. The species formed between NOM and spiked metals showed distribution patterns that changed as a function of complexation time, indicating a transformation of the NOM binding sites, suggesting that the collective effect of the fractions is more important than individual site properties, and confirming that the most humified fractions exert a large influence on the complexation of metals in aquatic environments.