Este artigo baseia-se num ponto de vista segundo o qual a sócio-construção da ação e da linguagem é fundamentalmente determinada pela sócio-história das interações e das atividades de linguagem em que sujeitos em constituição estão e estiveram imersos. A análise dos dados aqui exposta busca demonstrar que diferentes matrizes de atividade de linguagem (Schneuwly, 1988), ligadas à construção de diferentes gêneros do discurso, terão efeitos diversos na constituição das formas de ação e das formas de dizer a ação (linguagem) (Bronckart, 1997). Os gêneros familiares dialógicos (Bakhtin, 1979) seriam responsáveis tanto pela constituição das normas de ação (ação teleológica, Bronckart, 1997), como por sua normalização (ação normativa). Em momentos mais avançados da constituição da linguagem, diferentes gêneros narrativos - em especial, os relatos e os contos de fadas -, tendo as particularidades de serem gêneros construídos relativamente cedo pelas crianças e de tematizarem as ações (em curso, experenciadas, re-(criadas)) de diferentes maneiras - referencialidade conjunta e disjunta (Bronckart, Schneuwly et al., 1985) -, teriam um papel importante na sócio-construção de discursos sobre a ação e, a partir disto, também sobre sua consciência.
This paper is based on a viewpoint that takes the social construction of action and language as being essentially determined by the social history of the interactions and the language-patterned activities in which subjects under constitution are, and were, immersed. Data analysis will support that different patterns of language activities (Schneuwly, 1988), linked to the building of discourse genres, will have various effects on the constitution of action forms and on the ways of speaking about them (Bronckart, 1997). Dialogic family genres (Bakhtin, 1979) would be responsible for both: the constitution of action forms (teleological action (Bronckart, 1997)), and their normalisation (normative action). At other moments of language constitution, different narrative genres - reports and fairy tales, in special - will unfold. Due to their relatively early constitution by the children and the fact that they are focused on action (the action on-course, the experienced action and the (re-)created actions) in different manners - conjunctive and disjunctive referentiality -, they should play an important role in the social construction of discourses about the action and, therefore, in its awareness.