OBJETIVO: A cirrose hepática causa alterações acentuadas na circulação esplâncnica. Com o objetivo de investigar as alterações hemodinâmicas na velocidade do fluxo da veia porta, realizamos estudos com eco-Doppler em pacientes com cirrose hepática em estágio final antes, durante e após transplante hepático ortotópico (THO). MATERIAIS E MÉTODOS: Cinqüenta e quatro pacientes submetidos a THO e eco-Doppler intra-operatório foram avaliados prospectivamente, entre janeiro de 2002 e julho de 2003. Dezessete pacientes foram excluídos devido a dados incompletos relacionados a dificuldades técnicas para obter medidas ou morte prematura. Os 37 pacientes incluídos na análise tinham cirrose hepática associada principalmente a infecção pelo vírus da hepatite C e doença alcoólica. Todos os pacientes foram submetidos ao eco-Doppler imediatamente antes do THO, no período intra-operatório após a reperfusão do enxerto e no primeiro e sétimo dias do pós-operatório. A velocidade média do fluxo foi medida no tronco, ramo direito e ramo esquerdo da veia porta. A análise estatística foi realizada utilizando-se o teste t pareado e as diferenças foram consideradas significantes se p < 0,05. RESULTADOS: A velocidade média observada no pré-THO foi de 16.0 cm/s. As medidas intra-operatórias, realizadas minutos após a reperfusão do enxerto, mostraram aumento na velocidade do fluxo da veia porta para 84.09 cm/s. A velocidade do fluxo da veia porta foi de 71,0 cm/s e 58,5 cm/s no primeiro e sétimo dias do pós-operatório, respectivamente. As velocidades obtidas no intra e pós-operatório foram significativamente maiores do que no pré-THO (p < 0,001). No sétimo dia do pós-operatório, a velocidade média diminuiu significativamente em comparação aos valores do intra-operatório (p < 0.05). CONCLUSÃO: Nos transplantes hepáticos ocorre aumento significativo da velocidade média de fluxo da veia porta imediatamente após a reperfusão do enxerto em comparação aos valores pré-THO. De maneira semelhante, após esse pico máximo parece ocorrer redução significativa e progressiva na velocidade média de fluxo, atingindo valores próximos da normalidade no sétimo dia do pós-operatório.
OBJECTIVE: A marked impact on the splanchnic circulation is seen in liver cirrhosis. Doppler ultrasonography (DUS) was performed in a group of patients with end-stage liver cirrhosis before, during and after orthotopic liver transplantation (OLT) in order to investigate the hemodynamic changes in portal vein flow velocity. MATERIALS AND METHODS: Fifty-four patients submitted to OLT and intraoperative DUS were prospectively studied from January 2002 to July 2003. Seventeen patients were excluded because of missing data due to either technical difficulties to obtain the measurements or early patient death. All 37 patients included in the analysis had liver cirrhosis mainly associated with hepatitis C virus infection and alcoholic disease. Patients were submitted to DUS just before OLT, intraoperatively after graft reperfusion, and in the postoperative period (1st and 7th postoperative days). Mean flow velocity was measured at main, right and left portal veins. Statistical analysis was performed using paired t test. Differences were significant when p < 0.05. RESULTS: The mean pre-OLT velocity in the portal vein was 16.0 cm/s. Intraoperative measurements obtained few minutes after graft reperfusion showed an increase in portal vein velocity to 84.09 cm/s. Portal flow velocity was 71.0 cm/s and 58.5 cm/s in the 1st and 7th postoperative days, respectively. Intraoperative and postoperative mean flow velocity in the portal vein was significantly higher than in pre-OLT period (p < 0.001). On the 7th postoperative day, the mean flow velocity in the portal vein decreased significantly compared to intraoperative values (p < 0.05). CONCLUSION: In liver transplantation, there is a significantly increase in mean flow velocity in the portal vein immediately after graft reperfusion when compared to pre-OLT data. Likewise, after this initial peak flow there is a significant and progressive decrease in mean flow velocity in the portal vein, which tends to normalize on the 7th postoperative day.