RESUMO Este estudo tem por objetivo explicar em que extensão os padrões de mapeamento cerebral seguem padrões comportamentais de julgamentos de auditores e contadores quanto à avaliação de evidências para decisões relativas à continuidade operacional. Esta pesquisa multidisciplinar envolveu investigação da relação entre a teoria de atualização de crenças, a neurociência e a neurocontabilidade (neuroaccounting) em uma amostra de auditores e contadores. Desenvolvemos um estudo randomizado controlado com 12 auditores e 13 contadores. Os auditores e controladores apresentaram julgamentos semelhantes em continuidade operacional, demonstrando especialmente uma sensibilidade maior a evidências negativas. Apesar da semelhança de julgamentos, os resultados apresentaram padrões divergentes de processamento cerebral entre os grupos, ensejando que raciocínios distintos foram utilizados para chegar às estimativas de continuidade operacional. Durante o processo decisório, os auditores apresentaram padrões homogêneos de processamento cerebral, enquanto os contadores manifestaram conflitos e maior esforço cognitivo. Em ambos os grupos, observou-se a ocorrência de maximização (minimização) de julgamentos em áreas cerebrais associadas à identificação de necessidades e motivações vinculadas às relações dos indivíduos com seu grupo social. Isso é reforçado pela falta de diferenças significativas entre os mapas de regressão dos auditores e contadores, levando à interpretação dos resultados dos grupos como sendo um comportamento cerebral homogêneo. Apesar da familiaridade com as tarefas executadas e do conhecimento das normas de auditoria, a maior utilização do raciocínio algorítmico teve como resultado que os julgamentos dos auditores foram semelhantes aos dos contadores. Por outro lado, o esforço cognitivo maior dos contadores, por experimentarem maiores conflitos no processo de tomada de decisão, levou-os a usar mais capacidade de processamento quântico cerebral, responsável pelo raciocínio consciente. Isso foi observado nas maximizações (minimizações) das estimativas em áreas cerebrais relacionadas à preocupação com a repercussão social dos julgamentos, o que culminou com certo grau de “conservadorismo” em suas decisões. Ademais, esses resultados proporcionam outra oportunidade de discutir a hipótese do cérebro enquanto instituição contábil original.
ABSTRACT This study aims to explain the extent to which brain mapping patterns follow behavioral patterns of auditors and accountants’ judgments when assessing evidence for decisions involving going concern. This multidisciplinary research involved investigating the relation between the theory of belief revision, neuroscience, and neuroaccounting with a sample of auditors and accountants. We developed a randomized controlled trial study with 12 auditors and 13 accountants. Auditors and accountants presented similar judgments about going concern, specially demonstrating greater sensitivity to negative evidence. Despite similar judgments, results showed diverging brain processing patterns between groups, as distinct reasoning was used to reach going concern estimates. During the decision process, auditors presented homogeneous brain processing patterns, while accountants evidenced conflicts and greater cognitive effort. For both groups, the occurrence of maximization (minimization) of judgments is observed in brain areas associated with identification of needs and motivations linked to individuals’ relations with their social group. This was strengthened by the lack of significant differences between the regression maps of auditors and accountants, leading to interpretation of the groups’ findings as homogeneous brain behavior. Despite familiarity with the executed task and knowledge of auditing standards, as a result of the greater use of algorithmic reasoning the auditors’ judgments were similar to that of accountants. On the other hand, the accountants’ greater cognitive effort, due to the experiencing of greater conflict in the decision-making process, made them use more quantic brain processing abilities, which are responsible for conscious reasoning. This was observed in the maximizations (minimizations) of the estimates in brain areas related to concerns with the judgments’ social repercussions, which culminated in some degree of “conservatism” in their decisions. Furthermore, these findings reveal another opportunity to discuss the assumption of the brain as the original accounting institution.