RESUMO Introdução: Pacientes com câncer, em geral, e particularmente pacientes com glioblastoma estão sob elevado risco de desenvolver síndrome respiratória aguda grave devido à infecção pelo SARS-CoV-2, e alcançar um equilíbrio entre risco de exposição à infecção e benefício clínico do tratamento seria o ideal. O comportamento agressivo desse grupo de tumores justifica a necessidade de equipe multidisciplinar para auxiliar nas decisões clínicas durante a pandemia vigente. O Brasil ocupa hoje o segundo lugar em número de casos e óbitos pela COVID-19, e as atuais disparidades no tratamento de pacientes neuro-oncológicos desafiarão as decisões clínicas e cirúrgicas dessa população, possivelmente afetando a sobrevida global. Objetivo: Guiar decisões clínicas e cirúrgicas relacionadas ao manejo de glioblastoma durante a pandemia pelo COVID-19 no Brasil por meio de pesquisa em literatura. Métodos: Busca sistemática no banco de dados eletrônico da PubMed por estudos ou consensos quanto à abordagem de glioblastoma durante a pandemia por COVID-19 até 18/07/2020. Resultado: Ao abordar o glioblastoma durante a pandemia pela COVID-19, parâmetros importantes que auxiliam no processo de tomada de decisão são idade, desempenho, perfil molecular tumoral e consentimento do paciente. Pacientes jovens devem seguir protocolo padrão após máxima ressecção cirúrgica, principalmente aqueles com metilação do promotor MGMT. Idosos e pacientes debilitados devem ser cuidadosamente avaliados, e monoterapia deve ser provavelmente considerada. Centros de saúde são orientados a utilizar-se da telemedicina e de meios para reduzir infecção local. Conclusão: A abordagem do glioblastoma durante a pandemia por COVID-19 será mundialmente desafiadora, mas particularmente no Brasil, onde ainda existe significativa inequidade no cuidado com a saúde.
ABSTRACT Background: Cancer patients in general and glioblastoma patients, in particular, have an increased risk of developing complications from the severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2), and reaching a balance between the risk of exposure to infection and the clinical benefit of their treatment is ideal. The aggressive behavior of this group of tumors justifies the need for a multidisciplinary team to assist in clinical decisions during the current pandemic. Brazil is now ranked #2 in the number of cases and deaths from COVID-19 pandemic, and existing disparities in the treatment of neuro-oncology patients in Brazil will challenge the clinical and surgical decisions of this population, possibly affecting global survival. Objective: To search the literature about the management of glioblastomas during COVID-19 pandemic to guide surgical and clinical decisions in this population of patients in Brazil. Methods: We performed a systematic search on the PubMed electronic database targeting consensus statements concerning glioblastoma approaches during COVID-19 pandemic up to July 18, 2020. Results: When approaching glioblastoma during the COVID-19 pandemic, important parameters that help in the decision-making process are age, performance status, tumor molecular profile, and patient consent. Younger patients should follow the standard protocol after maximal safe resection, mainly those with MGMT methylated tumors. Aged and underperforming patients should be carefully evaluated, and probably a monotherapy scheme is to be considered. Centers are advised to engage in telemedicine and to elaborate means to reduce local infection. Conclusion: Approaching glioblastoma during the COVID-19 pandemic will be challenging worldwide, but particularly in Brazil, where a significant inequality of healthcare exists.