OBJETIVO: A real magnitude do problema das mortes maternas em Uberlândia, MG, Brasil, é pouco conhecida, sendo que o objetivo do estudo é conhecer o perfil da mortalidade materna desse município. MÉTODO: Utilizaram-se, como fonte de dados, as declarações de óbito de mulheres falecidas entre 10 e 49 anos de idade, residentes no município de Uberlândia, MG. Entrevistaram-se as famílias dessas mulheres para identificar o estado gestacional no momento do óbito. As mortes caracterizadas como maternas foram investigadas nos serviços de saúde, em prontuários e em entrevistas médicas. Foram analisados os óbitos maternos ocorridos até um ano após o término da gestação, considerando-se: pré-natal, período gestacional, tipo de parto, complicações em gestações anteriores, causa básica da morte, local de ocorrência e possibilidade de se evitar o óbito. Calcularam-se os coeficientes de mortalidade materna (CMM) por 100.000 nascidos vivos. RESULTADOS: Do total de 204 óbitos, analisaram-se 173 de residentes no município. Ocorreram 6 mortes maternas, sendo 4 (66,7%) até 42 dias após o parto e 2 (33,3%) de 43 dias a 1 ano; 5 (83,3%) foram devidas a causas obstétricas diretas (toxemia- 60% e hemorragia - 40%) e 1 (16,7%), indireta (cardiopatia). O CMM a partir das mortes maternas declaradas foi de 22,2 e o corrigido elevou-se para 66,6. CONCLUSÕES: O CMM encontrado está acima do aceitável. Faz-se necessária uma análise acurada da qualidade do pré-natal e do parto, bem como do registro das declarações de óbito.
INTRODUCTION: The real magnitude of maternal mortality in the city of Uberlândia, Brazil, is fairly unknown. The aim is to identify the characteristics of maternal mortality in the city during 1997. METHODS: Death certificates of women between 10-49 years old from Uberlândia were used as a main data source with additional interviews with family members. Only women between 10- 49 years of age at time of death were included. Maternal deaths were further confirmed at the health services level by checking medical records and interviewing physicians. All maternal deaths occurring up to one year after delivery were investigated. Data was collected on delivery conditions, frequency of prenatal care visits, gestational age at death, previous pregnancy complications, site of death, and any avoidable conditions. Maternal mortality rates (MMR) per 100,000 newborns were calculated. RESULTS: There were a total of 204 deaths, but only 173 were from Uberlândia residents. Six maternal deaths were registered, four (66.7%) up to 42 days after delivery, and two (33.3%) up to 43 days to 1 year. Direct obstetric causes (toxemia- 60%; haemorrhage- 40%) were associated with 5 deaths (83.3%), and indirect (16.7%) with 1 death (cardiac disease). The MMR calculated from death certificates was 22.2 but the adjusted rate was 66.6. CONCLUSIONS: The MMR is above the expected. It is necessary to pay more attention to the quality of prenatal and delivery care as well as to the correct way of filling out death certificates.