Resumo: Este artigo tem por objetivo compreender de que modo os alimentos são agenciados na cosmopolítica afro-brasileira. Etnografias foram realizadas no terreiro Abaça de Oxalá, dirigido pelo Pai Aldacir, desde 2016. As discussões, que aqui apresentamos, advêm das diferentes formas e categorias do coletivo afro-religioso em agenciar as “comidas dos orixás”. A necessidade de nutrir, regularmente, as potências cósmicas é entendida pelo conceito de obrigação, que assegura vitalidade e saúde à pessoa, às entidades e a toda corrente do terreiro. As composições do padê, do sacrifício de animais, do cuidado com as quartinhas, dos ebós e de outros modos nos quais alimentos compõem o fundamento da cosmopolítica afro-religiosa, estão vinculadas às concepções dos orixás, bem como de corpo e território, em suas múltiplas associações.
Abstract: This article aims to understand how foods are managed in Afro-Brazilian cosmopolitics. Ethnographies were carried out in the Abaça de Oxalá temple, run by Pai Aldacir, since 2016. The discussions that we present here come from the different forms and categories of the Afro-religious collective in organizing the “foods of the orishás”. The need to regularly nourish the cosmic potencies is understood by the concept of obligation, which ensures vitality and health to the person, entities and the entire current of the temple. The compositions of padê, animal sacrifice, caring for the quartinhas, ebós and other ways in which foods form the fundamento of Afro-religious cosmopolitics are linked to the conceptions of the orishás, as well as of body and territory, in their multiple associations.