RESUMO A estrutura trófica da assembleia de peixes é um dos indicadores mais sensíveis a alterações ambientais em riachos. Considerando a relevância de entender a resposta de grupos tróficos à alteração ambiental, este estudo buscou preencher esta lacuna científica avaliando a influência da composição do substrato, variabilidade de meso-hábitats e estabilidade das margens sobre riqueza, biomassa e número de indivíduos de peixes carnívoros, invertívoros, onívoros e herbívoros-detritívoros. Amostramos com pesca elétrica 13 trechos de riachos de Mata Atlântica com estado de conservação variável, localizados na parte superior da bacia do alto rio Paranapanema. Os pontos amostrais foram ranqueados pelo índice de hábitat fisico. Riachos mais presevados apresentaram mais galhos, troncos, matacões e blocos no substrato, maior variabilidade de meso-hábitats e maior quantidade de raízes, troncos e rochas nas margens. As correlações canônicas explicaram mais de 90% da variabilidade dos dados. A riqueza e o número de indivíduos de invertívoros aumentaram em riachos mais preservados, enquanto que a riqueza de carnívoros e o número de indivíduos onívoros diminuíram. Estes resultados demonstram que a estrutura trófica varia em resposta ao nível de preservação, e que a riqueza de invertívoros é o melhor indicador de respostas da estrutura trófica às alterações do hábitat em riachos.
ABSTRACT Trophic structure of fish assemblages is one of the most sensitive indicators of changes in streams environments. Since it is crucial to understand the response of trophic groups to habitat alteration, our study aimed to address this research gap by assessing the influence of substrate composition, meso-habitat variability, and bank stability, on the richness, biomass, and number of individuals of carnivores, invertivores, omnivores, and herbivorous-detritivores. Using an electrofishing device, we sampled 13 Atlantic rainforest streams reaches in a degradation gradient, located in the upper Paranapanema river basin. Sample points were ranked using a physical habitat index. More pristine streams had high availability of twigs, trunks, rocks and boulders in the substrate, great meso-habitat variability, and the presence of roots, trunks, and rocks in the margins. Canonical correlations between habitat characteristics and trophic groups explained more than 90% of data variability. Richness and number of individuals of invertivores increased in more preserved stream reaches, while richness of carnivores and number of individuals of omnivores decreased. These results demonstrate that trophic structure varies according to level of degradation, and that invertivore richness represents the best indicator of fish trophic structure responses to physical habitat alterations in streams.