Em comunidades incrustantes marinhas, o espaço livre no substrato é um dos principais recursos limitantes para o estabelecimento de novos organismos. Assim sendo, distúrbios físicos que removam biomassa se mostram importantes agentes para a estruturação e dinâmica dessas comunidades. A extensão do distúrbio é uma característica que parece afetar os padrões de recolonização, e desta forma altera a diversidade de espécies. O objetivo deste trabalho foi analisar os efeitos de áreas crescentes de distúrbio em comunidades incrustantes. Para tal, comunidades macrobentônicas incrustantes foram previamente desenvolvidas por 6 meses na Baía de Guanabara (22°52'S, 043°08'W), recebendo uma única vez distúrbios circulares, aleatoriamente posicionados, com áreas crescentes (7 níveis, de 0 a 75% da cobertura removida, 10 réplicas por nível). Amostragens quinzenais foram realizadas após o distúrbio, de modo a acompanhar os padrões de desenvolvimento das comunidades. Na primeira amostragem observou-se que índices máximos de diversidade foram obtidos nas comunidades que receberam níveis intermediários de distúrbio. No entanto, no decorrer do tempo este perfil deu lugar a um pico de diversidade nas comunidades que sofreram os maiores níveis de distúrbio. Notou-se também um incremento contínuo da riqueza e diversidade ao longo do tempo até a 7ª amostragem (110 dias após os distúrbios), com subseqüente redução a partir deste momento. Tais padrões parecem corroborar a Hipótese do Distúrbio Intermediário, embora em médio prazo o perfil da comunidade mude drasticamente, revelando que perturbações físicas representam de fato um importante fator na estruturação de comunidades marinhas de substrato consolidado da Baía de Guanabara, além de realçar a importância de estudos de maior duração na avaliação dos impactos de distúrbios em comunidades marinhas.
In marine fouling communities, free space is one of the key limiting resources for settlement of new organisms. In this way, removing biomass through physical disturbances would play an important role in the structure and dynamics of these communities. The disturbance size seems to be a characteristic that influences recolonization patterns, thus affecting species diversity. The aim of this study was to analyze the effects of growing disturbance areas on fouling communities. Fouling panels were allowed to develop for 6 mo. at Guanabara Bay (22°52'S, 043°08'W) prior to a single application of randomly positioned, circular physical disturbances of growing areas (7 levels, from 0 to 75% removed cover, 10 replicates per treatment). Samples were taken fortnightly after the disturbance event, so as to follow the development patterns of the community afterward. At the first sampling the diversity showed maximum indices in communities to which intermediary disturbance levels were applied. However, this profile changed later to a diversity peak in communities with higher disturbance levels. It also showed a continuous increase in richness and diversity through time until the 7th sample (110 days after the disturbance event), with subsequent decrease. Such patterns seem to corroborate the Intermediate Disturbance Hypothesis, despite the drastic profile change with time, revealing that disturbance is indeed an important factor structuring hard bottom communities at Guanabara Bay, and highlighting the importance of longer term studies of disturbance impacts in marine communities.