CONTEXTO E OBJETIVO: A falta de uma definição clara da raça humana e a importância desse tema na prática médica continua a ser fonte de dúvidas para estudiosos. No presente artigo nós avaliamos o uso da variável raça por estudantes de medicina em Salvador, Brasil. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: corte transversal, realizado numa universidade pública federal. MÉTODO: 221 estudantes, , foram incluídos. Um questionário semi-estruturado foi utilizado para a coleta dos dados. Os resultados são expressos como média e desvio-padrão da média, proporções e frequências. O teste do χ2 (qui-quadrado) foi utilizado para o cálculo estatístico. RESULTADOS: Aproximadamente metade dos estudantes (45,4%) usava a variável grupo racial na sua prática clínica em estudos. Desses, 86,8% a consideravam uma informação relevante no prontuário médico; 92,7% no raciocínio diagnóstico; 95,9% acreditavam que ela influenciava a causa, expressão e prevalência das doenças; 94,9% afirmaram que ela contribuía para estimar o risco de doenças; 80,5% informaram que a resposta terapêutica a medicamentos pode ser influenciada pelas características raciais; 41,9% consideravam que sua inclusão nas pesquisas era sempre recomendável; e 20,3% a avaliavam como indispensável. As principais características fenotípicas usadas para a classificação racial foram: cor da pele (93,2%), tipo de cabelo (45,7%), formato do nariz (33,9%) e espessura dos lábios (30,3%). CONCLUSÃO: Apesar de sua importância na prática médica, a maioria dos profissionais não usa e não sabe classificar os diversos grupos raciais. É necessário adicionar e/ou ampliar a discussão sobre as categorias raciais e étnicas no exercício da medicina e nas pesquisas médicas.
CONTEXT AND OBJECTIVE: The lack of a clear definition for human "race" and the importance of this topic in medical practice continue to create doubt among scholars. Here, we evaluate the use of the variable "race" by medical students in Salvador, Brazil. DESIGN AND SETTING: Cross-sectional study at a Brazilian federal public university. METHODS: 221 randomly selected subjects were included. A semi-structured questionnaire was used for data collection. The results were expressed as means and standard deviations of the mean, proportions and frequencies. The χ2 (chi-square) test was used for the statistical calculations. RESULTS: Approximately half of the students (45.4%) used the racial group variable in their studies on clinical practice. Of these, 86.8% considered it to be relevant information in the medical records and 92.7%, important for diagnostic reasoning; 95.9% believed that it influenced the cause, expression and prevalence of diseases; 94.9% affirmed that it contributed towards estimating the risk of diseases; 80.5% thought that the therapeutic response to medications might be influenced by racial characteristics; 41.9% considered that its inclusion in research was always recommendable; and 20.3% thought it was indispensable. The main phenotypic characteristics used for racial classification were: skin color (93.2%), hair type (45.7%), nose shape (33.9%) and lip thickness (30.3%). CONCLUSIONS: Despite the importance of different racial groups in medical practice, the majority of the professionals do not use or know how to classify them. It is necessary to add to and/or expand the discussion of racial and ethnic categories in medical practice and research.