Resumo Introdução: O carcinoma papilífero de tireoide é a neoplasia endócrina mais frequente e sua incidência triplicou nos últimos 35 anos. Embora o carcinoma papilífero de tireoide tenha um bom prognóstico, 1% a 30% dos pacientes desenvolvem recorrência e metástase. Algumas características clínicas e genéticas estão associadas a um pior prognóstico. A mutação mais frequente é a BRAF p.V600E, a qual tem sido associada a muitas características clínicas de pior prognóstico. No entanto, muitos estudos apresentam resultados controversos, sem qualquer associação entre a mutação em BRAF e características clinicopatológicas de pior prognóstico. Objetivo: Uma vez que o valor prognóstico das mutações em BRAF permanece controverso, investigar a importância dessa mutação em decisões terapêuticas para o carcinoma papilífero de tireoide. Método: Foi avaliada a associação da mutação em BRAF com características de pior prognóstico em 85 pacientes com carcinoma papilífero de tireoide acima de 45 anos tratados no A.C. Camargo Cancer Center, de 1980 a 2007. A mutação em BRAF foi avaliada por pirossequenciamento. A análise estatística foi feita com o software SPSS. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 54 anos (variação de 45 - 77), 73 eram mulheres (85,8%) e 12 eram homens (14,2%). Entre eles, 39 casos (45,9%) apresentaram extensão extratireoidiana e 11, doença recorrente. A mutação em BRAF foi detectada em 57 (67%) pacientes. Não foi observada associação significante entre mutação em BRAF e sexo (p = 0,743), idade (p = 0,236), estágio N (p = 0,423), infiltração vascular e perineural (p = 0,085) ou multi-focalidade (p = 1,0). Apesar de não apresentar associação estatística, a maioria dos pacientes com doença recorrente foi positiva para BRAF (9 em 11) (p = 0,325). Os pacientes afetados pela mutação em BRAF estão associados a tumores maiores do que 1 cm (p = 0,034) e com extensão extratireoidiana (p = 0,033). Conclusão: Embora a mutação em BRAF seja amplamente avaliada, não há dados consistentes que demonstrem uma melhor sobrevida ou benefício clínico ao incorporá-la à decisão terapêutica para o câncer de tireoide.
Abstract Introduction: Papillary thyroid carcinoma is the most frequent endocrine neoplasia and its incidence has tripled over the past 35years. Although papillary thyroid carcinoma carries a good prognosis, 10%–30% of patients still develop recurrence and metastasis. Some clinical and genetic features are associated with worse prognosis. The most frequent mutation is the BRAF p.V600E, which has been associated with many clinical features of poor prognosis. However, many studies have produced controversial results without any association between BRAF mutation and clinicopathological features of poor prognosis. Objective: Since the prognostic value of BRAF mutations remains controversial, this study aims to investigate the importance of this mutation in therapeutic decisions for papillary thyroid carcinoma. Methods: Therefore, we evaluated whether the presence of BRAF mutation is associated with features of poor prognosis in 85 patients with papillary thyroid carcinoma older than 45years treated at A.C. Camargo Cancer Center, from 1980 to 2007. BRAF mutation was evaluated by pyrosequencing. Statistical analysis was performed using SPSS. Results: The mean age of patients was 54 years (range: 45 - 77 years), 73 were women (85.8%) and 12 were men (14.2%). Among them, 39 cases (45.9%) presented extrathyroidal extension and 11 cases had recurrent disease. BRAF mutation was detected in 57 (67%) patients. No significant association was observed between BRAF mutation and gender (p =0.743), age (p = 0.236), N-stage (p =0.423), vascular and perineural infiltration (p =0.085 or multifocality (p = 1.0). Although not statistically significant, the majority of patients with recurrent disease were BRAF positive (9 out of 11) (p =0.325). Patients affected by BRAF mutation are associated with tumors larger than 1 cm (p =0.034) and with extrathyroidal extension (p =0.033). Conclusion: Although BRAF testing is widely available, there are no consistent data to support improvement in outcomes from incorporating it into therapeutic decision for thyroid cancer.