OBJETIVO: Investigar a relação entre consumo de álcool e problemas emocionais em gestantes, verificando se as gestantes com consumo problemático de álcool (uso nocivo ou dependência) tiveram mais problemas emocionais quando comparadas àquelas cujo consumo não era problemático. MÉTODOS: Estudo transversal, observacional, sobre uma amostra clínica de um serviço obstétrico público de Ribeirão Preto, SP. A amostra foi não probabilística, de conveniência, do tipo consecutiva, composta por 450 gestantes. Foram aplicados três questionários: para dados sociodemográficos, o Questionário de Morbidade Psiquiátrica (QMPA) e um questionário padronizado como parte da anamnese para avaliação de problemas relacionados ao uso de álcool (uso nocivo ou síndrome de dependência) de acordo com os critérios da CID-10. Foram utilizados testes univariados (ANOVA) para o exame comparativo entre grupos utilizando medidas de distribuição central e intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS: Foram encontradas 172 gestantes (38,2%) problemáticas (escore >7) pelo QMPA. Detectaram-se conforme critérios da CID-10, 41 (9,1%) gestantes com consumo problemático de álcool, sendo 27 (6,0%) com diagnóstico de uso nocivo e 14 (3,1%) com dependência ao álcool. A presença de diagnóstico de uso nocivo ou síndrome de dependência ao álcool relacionou-se à maior intensidade de sofrimento emocional das gestantes, ou seja, maior média de pontuação nas subescalas ansiedade, depressão e álcool do QMPA. CONCLUSÕES: Considerando a prevalência de problemas emocionais, o consumo de álcool durante a gestação e os riscos de problemas à saúde materno-infantil sugere-se que sejam realizadas avaliações mais criteriosas pelos profissionais de saúde.
OBJECTIVE: To investigate the relationship between alcohol consumption and emotional distress in pregnant women, and to verify whether women with problematic alcohol consumption (abuse or dependence) have more emotional distress than those with non-problematic alcohol consumption. METHODS: A cross-sectional observational study was carried out in a clinical sample from a public obstetric service in Ribeirão Preto, Brazil. A non-probabilistic convenience sample of patients who were consecutively recruited comprised 450 pregnant women. Three questionnaires were applied: a sociodemographic profile, followed by the Psychiatric Morbidity Questionnaire (QMPA) and a standardized questionnaire for collecting data on alcohol-related problems (abuse or dependence) according to ICD-10 criteria. Univariate analysis (ANOVA) was used for comparison between groups using central distribution measures and 95% confidence intervals. RESULTS: There were found 172 (38.2%) problematic pregnant women with positive score (score >7) in the QMPA. A group of 41 (9.1%) pregnant women with problematic alcohol consumption was detected according to ICD-10 criteria, 27 (6.0%) of them diagnosed as alcohol abuse and 14 (3.1%) as alcohol dependence. Alcohol abuse or dependence syndrome was related to greater emotional distress, i.e. higher mean scoring in anxiety, depression and alcohol QMPA subscales. CONCLUSIONS: Given the prevalence of emotional distress and alcohol consumption during pregnancy and high risk of mother-child health problems, careful evaluations in this population should be conducted by health professionals.