O presente trabalho procura analisar as alterações sofridas pela agrodiversidade no território do Santa Cruz. Este concelho localizado na costa sul da Madeira é um concelho, com 81,5 km², quatro patamares bioclimáticos e numerosas unidades agroecológicas (UAE). A evolução da agrodiversidade iniciou-se, com o povoamento do Arquipélago, descoberto inabitado em 1418. A agrodiversidade biofísica, específica e intraespecífica aumentou e diversificou-se, devido à construção de agrossistemas, introdução de culturas, sucessão de ciclos agrícolas, adaptação às condições agroecológicas, aparecimento de pragas e doenças e pela ação do homem. Os registos históricos indicam a introdução de um elevado número de espécies, bem como a utilização de 72 espécies agrícolas, no concelho. E, indicam como fundamentais no povoamento e economia as culturas do trigo e as cerealíferas (cevada, centeio), cana-sacarina, vinha e sumagre. Várias outras culturas desempenharam um papel importante na economia do concelho, sendo cultivadas para fins alimentares, comerciais, industriais, culturais ou religiosos. A adaptação destas espécies aos agrossistemas e às condições agroecológicas deu origem a um número indeterminado de variedades locais. Apesar das limitações da documentação disponível, foram encontradas variedades locais cuja cultura remonta há 140 a 500 anos, nomeadamente o Trigo da Serra, castas Malvasia e Tinta Antiga de Gaula, pêra Caniça, Banana da terra, feijão Corno de carneiro e Couve de João Ferino, que podem ser relacionadas com o historial do concelho. Porém, desde meados do século XX, a agrodiversidade sofreu uma drástica redução com a diminuição das áreas cultivadas, o abandono de várias espécies agrícolas e a extinção de variedades locais. A análise desta agrodiversidade foi realizada, a fim de apurar as alterações históricas e geográficas ocorridas na agrodiversidade em onze culturas representativas do concelho, visando a sustentabilidade agronómica.
This work analyzes the changes undergone by agrodiversity in Santa Cruz. This municipality, in Southern Madeira Island, presents four bioclimatic levels and many agroecological units. The evolution of agrodiversity began with the first human settlement, after the discovery of the Archipelago in 1418. In the first, the biophysical, specific and intraspecific agrodiversity increased and diversified due to the construction of agro-systems, introduction of crops, succession of agricultural cycles, adaptation to agroecological conditions and to the action of pests, diseases or man. Historical records document the introduction of a large number of crop species and the use of more than 72 crop species in the county. Some references indicate the cereals wheat and barley, rye, sugarcane, vineyards and sumac was most important crops in the settlement. However, several other cultures played an important role in the county's economy, being grown for food, commercial, industrial, cultural or religious purposes. The adaptation of these species to agro-systems and agro-ecological conditions gave rise to an indeterminate number of local varieties. Despite the limitations of historical records some local varieties of these cultures date back 140 to 500 years. Local varieties such as the wheat Trigo da serra, the grapevine varieties Malvasia and Gaula’s Tinta Antiga grape, the pear Caniça, Banana da terra, bean Corno de Carneiro and the João Ferino´s cabbage can be linked to the county's History. However, since the middle of the 20th century, the agrodiversity undergoes a drastic reduction due to the decrease of agricultural areas, abandonment of crop species and extinction of local varieties. The evolution of agrodiversity was study by the Germplasm Banck ISOPlexis with the objective of establishing the historical and geographical changes that occurred with eleven of the most representative crops of the county. Despite the negative trends affecting agriculture, these varieties constitute a factor of differentiation and appreciation of local agricultural production, with the creation of short food chains and diversification of the rural economy.